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sábado, 18 de maio de 2024

Dos quadrinhos às óperas: Entrevista com Riyoko Ikeda, autora da Rosa de Versalhes, Primeira Parte.

 

Olá, queridos amigos da Lady Oscar, Sejam Bem Vindos!

 

 

 

 

O Site Re-design acaba de publicar a primeira parte de uma grande entrevista com Riyoko Ikeda e, como é do interesse dos leitores do blog, decidi traduzir. Nessa primeira parte, Ikeda fala sobre como o mangá era considerado uma leitura prejudicial, a febre Rosa de Versalhes (ベルサイユのばら), o mangá que mudou as imagens do Shoujo nos anos 1970. Entre outras coisas interessantes. Entre os assuntos, Ikeda menciona o clímax da Rosa de Versalhes, a noite romântica de Oscar e André e como essa cena causou problemas na época. As mães das leitoras acharam ultrajante uma cena de amor em um shoujo mangá e até chegaram a ligar para o departamento editorial apenas para reclamar. Ela tinha apenas 24 anos e explica que o editor chefe a defendeu contra os ataques das mães enfurecidas. Dentro do possível, mantive a estrutura do texto, utilizei as mesmas imagens do artigo original e traduzi as legendas. Enfim, segue a tradução, o texto original encontra-se no link acima:





 Dos quadrinhos à ópera. Não importa quantos anos você tenha, você continuará a ter uma paixão pela criação. Redesenho de Riyoko Ikeda Parte 1 (Artigo Traduzido).

 O mangá "A Rosa de Versalhes" foi lançado para o mundo pela Sra Ikeda há 50 anos. Naquela época, o cache das artistas femininas de mangá era baixo, e o cachê do manuscrito era metade do que recebia os artistas do gênero masculino.  O próprio mangá tinha um status baixo, muitas vezes foi considerado uma leitura prejudicial.

No entanto, a história contada por uma mulher de 24 anos é uma maravilhosa mistura de fato histórico e ficção, e tem sido amada não apenas no Japão, mas também na França, onde a história se passa, bem como na Europa, China, Coreia, Rússia e oriente Médio.

Depois de "A Rosa de Versalhes", ela continuou a retratar personagens que viviam em tempos caóticos, como "A glória de Napoleão: Eroica", que retrata heróis nascidos após a Revolução Francesa, e "A Janela de Orfeu", uma obra ambientada na Revolução Russa.


 Ikeda atualmente está seguindo sua carreira como vocalista e dramaturgo. Conversamos com o Sra Ikeda, que continua trabalhando como criador mesmo tendo mudado seu método de expressão através do mangá.



A Febre da Rosa de Versalhes, que mudou o shoujo mangá:

 




O mangá ``A Rosa de Versalhes'' apareceu no mundo em abril de 1972. Oscar é uma linda mulher vestida de homem. Maria Antonieta tem Oscar como guarda-costas. A história, na qual se cruzam personagens fictícios e figuras históricas, cativou muitos leitores.

E a história continua a ser amada até hoje, transcendendo tempos e fronteiras.

No entanto, Ikeda lembra que, quando foi serializado, muitas vezes recebeu críticas desagradáveis.

"O mangá é um livro prejudicial. Houve uma época em que as pessoas diziam essas coisas. Não havia direitos civis como há agora. O mangá shojo foi particularmente criticado e as pessoas achavam que era ultrajante escrever uma obra histórica. Então, eu estava convencido de que isso seria um sucesso porque eu mesmo estava escrevendo o manuscrito e era tão interessante que não consegui dormir. Risos.

Na década de 1970, o mangá estava passando por uma grande transformação, com o lançamento da Shonen Jump em 1968 e da Champion em 1969. Jump e Champion juntaram-se à Shonen Magazine, Shonen Sunday e Shonen King, as três principais revistas de mangá shōnen até então, para produzir inúmeras obras-primas. Isso formou a base do mangá shōnen que continua até hoje.

O Shoujo mangá, por outro lado, estava em um grande ponto de virada. Até então, o convencional era baseado no tema da vida escolar e do amor. Ou seja, era uma extensão do cotidiano. A partir daí, decolou muito, e obras contendo elementos da Europa medieval, ficção científica e fantasia apareceram uma após a outra. "A Rosa de Versalhes" e outras obras lançadas para o mundo na década de 1970 ainda são lidas hoje, mas naquela época era um período de transição de mudanças. Foi um tempo em que continuamos a desafiar o inédito.

 


 "Na verdade, eu sempre estudei com a intenção de ter uma formação acadêmica, e eu estava colocando minha energia nisso. Decidi me tornar uma artista de mangá quando tinha 23 anos. Oscar, a protagonista de A Rosa de Versalhes, foi baseado no capitão da Guarda Francesa, que ficou do lado dos civis em 14 de julho de 1789. Mais tarde, em Napoleão, eu retrataria o próprio imperador, mas naquela época eu não tinha confiança para retratar um homem. É por isso que Oscar se tornou uma "bela mulher vestida de homem". Graças a isso, pude refletir minha própria maneira de pensar e viver para ela."

 Oscar viveu durante a Revolução Francesa, à mercê da época. Ikeda passou por um período revolucionário no Shoujo mangá. Personagem e autora. A paixão das duas, coincidentemente ligadas, sublimou a obra A Rosa de Versalhes e se espalhou para as pessoas ao seu redor. 

 Há um episódio como este que simboliza isso.

No clímax da história, há uma cena em que Oscar e André* ficam juntos, e os pais ligaram para o departamento editorial para reclamar. Eles disseram que era ultrajante retratar uma cena de amor em um mangá. Se tivesse sido o departamento editorial antes da serialização de Rosa de Versalhes, tenho certeza de que teríamos ouvido suas vozes. Entretanto, o editor-chefe me defendeu dizendo. “ Mãe, leia o mangá inteiro e, se depois ainda achar que a cena é ultrajante, por favor, me ligue novamente.”

*Um amigo de infância e servo que sempre zela por Oscar. Mesmo lutando com a diferença de status, ele se dedicou ao seu amor por ela.

Todos os personagens têm um papel. Na obra de Riyoko Ikeda, onde os sub personagens também brilham.


A Princesa Maria Antonieta é a outra personagem principal de “A Rosa de Versalhes”. A Sra Ikeda conheceu Maria Antonieta pela primeira vez quando leu a literatura biográfica “Maria Antonieta” (escrita por Stefan Zweig) quando estava no ensino médio. Esta é uma obra-prima que reinterpreta Maria Antonieta, que tem uma forte imagem de ser uma mulher má, como ser humano.

"Eu queria retratar sua fofura e estupidez como ser humano, que difere da imagem comumente conhecida de Maria Antonieta, e como ela se fortalece apesar de estar envolvida no redemoinho da tragédia."

Maria Antonieta é uma figura histórica, enquanto Oscar é um personagem fictício. A Rosa de Versalhes é centrada nessas duas personagens, que estão ligadas por suas posições, mas que também estão evoluindo como seres humanos.

Um dos papéis mais importantes é desempenhado por personagens secundários fictícios que funcionam como uma ponte entre a obra e o leitor.

"As pessoas que testemunharam a Revolução Francesa estavam observando seu curso, e que tipo de caminho um homem chamado Napoleão, que apareceu em uma época caótica, levaria à França? Deve ter muita gente observando. Por isso, decidimos trazer Alain de Soissons, que viveu o 14 de julho em A Rosa de Versalhes."


A casa de Ikeda está cheia de antiguidades ocidentais.


Alain de Soissons apareceu como um personagem que estava em desacordo com Oscar. Porém, ao entrar em contato com o encanto humano de Oscar, ele a aceita e opta por lutar ao lado dela como seu subordinado até o fim. Ele foi uma das pessoas que acompanhou Oscar até o fim e, em “Napoleão Eroica”, desempenha o papel de determinar o destino da Revolução Francesa, que custou muitas vidas.

Alain reaparece como subordinado de Napoleão, e Napoleão corre rumo à glória. Assim como a relação entre Oscar e Maria Antonieta, a história retrata o destino da Revolução Francesa entrelaçando ficção e realidade.

Até o meio da história, Alain estava na posição de compreender Napoleão. No entanto, no momento em que Napoleão pediu o trono, ele se separou. Alain também foi um personagem que ficou do lado dos cidadãos durante a Revolução Francesa. Figura histórica, mas consegui retratar sua vida com naturalidade. No meu caso, as vidas e histórias dos personagens que aparecem ao lado dele vêm naturalmente para mim."

Outra característica das obras de Ikeda é que o drama dos personagens coadjuvantes é desenvolvido com peso igual ao dos personagens principais. O enredo multicamada converge para o clímax. Embora algumas obras tenham finais trágicos, como a morte do personagem principal ou de personagens memoráveis, também há momentos em que você pode sentir uma estranha sensação de alívio.

Isso pode ocorrer porque todos os personagens são retratados como seres humanos.

Terminamos com a primeira parte, na segunda parte perguntaremos a Sra Ikeda sobre a obra de sua vida, “A Janela de Orfeu”, e a segunda carreira que ele escolheu após se tornar um artista de mangá.

A data de lançamento da segunda parte é 〇月〇.

 

Fim da primeira parte. 

Continua...



Enfim, este foi o primeiro site brasileiro a trazer a tradução dessa entrevista e assim que eu terminar a tradução da parte 2, abrirei outros posts comentando esse belíssimo bate-papo com Ikeda Sensei. Então fiquem ligados aqui no Blog Lady Oscar, para não perderem nada.




Espero que tenham gostado! Daqui a pouco tem mais!^^

 

Um bom final de semana a todos vocês amigos da Lady Oscar.

 


ady Oscar diz... Obrigada por sua visita! Volte sempre que quiser.

 


 




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