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terça-feira, 17 de outubro de 2023

Comentando Maria Antonieta, o Retrato de uma Mulher Comum, de Stefan Zweig, a obra que inspirou Riyoko Ikeda a escrever a Rosa de Versalhes.


Olá, queridos amigos da Lady Oscar, sejam Bem Vindos!

 

Ontem foi 16 de outubro, aniversário da morte da última rainha da França, Maria Antonieta, uma das personagens principais do  clássico Shoujo mangá, A Rosa de Versalhes(ベルサイユのばら)  de Riyoko Ikeda. Dediquei um artigo especial para Antonieta, baseado em pesquisas, para quem quiser ler aqui está. E ainda no embalo, hoje resolvi trazer uma resenha, do livro Maria Antonieta, o Retrato de uma Mulher Comum, do escritor, austríaco de origem judaica, Stefan Zweig, comparando alguns acontecimentos históricos com Rosa de Versalhes. Para quem não sabe, essa foi a biografia que Ikeda leu ainda no colegial e que a inspirou a escrever sua obra máxima. Então, sem mais delongas vamos ao texto:

Capa Maria Antonieta o Retrato de uma Mulher comum.


Sobre o autor:

 

Stefan Zweig foi um escritor, romancista, poeta, dramaturgo, jornalista e biógrafo austríaco de origem judaica. Nascido em Viena em 1881. Foi segundo filho do industrial Moritz Zweig (1845-1926), originário da Boêmia, e de Ida Brettauer (1854-1938), oriunda de uma família de banqueiros. 

Seu avô materno, foi Joseph Brettauer, que viveu na Itália, precisamente em Ancona, onde sua segunda filha Ida nasceu e foi criada. Seu irmão mais velho, Alfred, foi educado desde sempre para ser o sucessor do pai em seus negócios, e ambos tiveram uma infância e uma educação privilegiadas, graças à boa situação financeira de seus familiares.

Stefan Zweig estudou Filosofia na Universidade de Viena, e em 1904 obteve seu doutorado com uma tese sobre A Filosofia de Hippolyte Taine. A religião jamais desempenhou papel central na sua formação: "Minha mãe e meu pai eram judeus apenas por acidente de nascimento", declarou Zweig em uma entrevista. No entanto, ele nunca renegou o judaísmo e escreveu várias vezes sobre temas e personalidades judaicos, como em "Buchmendel" Fonte Winkipédia.

 


Ao publicar sua obra Maria Antonieta - O retrato de uma mulher comum, Zweig se tornou o primeiro historiador a retratar a última rainha da França, Maria Antonieta, de um modo mais humano, e não como uma vilã que levou a França a passar necessidades. A maioria dos livros de História sempre retratava Antonieta como uma perfeita bruxa, mas Zweig, a retrata como uma moça comum, forçada a se casar ainda criança e foi exatamente isso que emocionou Riyoko Ikeda e a inspirou a escrever Rosa de Versalhes, como ela mesma já disse várias vezes em entrevistas.

Riyoko Ikeda, usou a obra de Zweig como ponto de partida para escrever a Rosa de Versalhes:

 

Riyoko Ikeda, era uma estudante do colegial, ainda quando leu, a biografia da rainha e se emocionou coma biografia Maria Antonieta, o Retrato de Uma mulher Comum, principalmente com a maneira que o autor retratava a última rainha da França, sem colocá-la com uma grande vilã. Foi então, que ela decidiu escrever uma obra contando a vida da última rainha da França, baseado-se na leitura da obra de Zweig, e assim nasceu sua obra mais famosa Versailles no Bara (ベルサイユのばら Berusaiyu no Bara).


Páginas coloridas do mangá Rosa de Versalhes 1972.


Em entrevistas, Ikeda sempre comenta que todos os eventos de Rosa de Versalhes, foram baseados na leitura da obra do escritor austríaco. Ela menciona sempre ter se encantado com o modo que o autor retratou Antonieta, uma menina forçada a deixar seus sonhos para trás e casar ainda criança. E isso fez com que ela despertasse ainda mais o interesse por Antonieta, a última rainha do antigo regime. Ela também já revelou que o nome de sua obra já havia sido escolhido desde o início e seria A Rosa de Versalhes.  Essa rosa do título era a própria Antonieta, que mais tarde acabou virando Lady Oscar, aos olhos dos leitores. E em 1972, a jovem Ikeda, começou a serializar Rosa de Versalhes, nas páginas da revista Margaret e mesmo com vozes de oposição da parte de seus editores e a série podendo ser cancelada, Ikeda alcançou o sucesso logo no início da serialização. Então vamos, comentar o livro de Stefan Zweig, porque sem ele, talvez, hoje não teríamos nosso mangá favorito e nem eu estaria aqui escrevendo dedicando meu tempo a esse blog.  Optei por fazer uma resenha mais resumida, afinal o livro é enorme e resolvi ilustrar meu texto com imagens do mangá anime,live Action, séries sobre a rainha, e também algumas pinturas e obras de artes da época.



 

Maria Antonieta: retrato de uma mulher comum – Stefan Zweig:

 

  Para contar a trágica vida da última rainha da França, Maria Antonieta, Zweig, apresenta aos leitores, uma mulher comum, com todas suas qualidades, desejos, frustrações, defeitos, manias, ou seja, um ser humano como outro qualquer, já que ninguém é perfeito! O autor era conhecido por humanizar seus personagens, e figuras históricas. E não foi nada diferente ao escrever a biografia da ultima rainha do Ancien Régime (Antigo Regime).
 
Maria Antonieta.
  

O livro, segue em Narrativa, e assim, como Ikeda fez em Rosa de Versalhes, começa na Áustria, com a imperatriz Maria Teresa, que resolveu fazer uma aliança, entre os dois países inimigos, França e Áustria, casando sua filha Maria Antonieta com o neto do rei, Luís XVI.  Ambos ainda adolescentes, Antonieta tinha 14 anos, o Delfim da França, destinado a ser o rei Luís XVI, tinha apenas 15 anos. Eram praticamente duas crianças ainda, não  se amavam e não tinham intenção nenhuma em assumir um compromisso, já que não entendiam seu significado e importância. Como qualquer outro jovem, queriam viver suas vidas felizes, cada com seu estilo.
 
Maria Antonieta aos 12 anos na Áustria em Rosa de Versalhes.

 
Porem, ambos não tiveram escolhas, Antonieta é enviada a França e obrigada a se adequar, a sua nova vida, a rigidez da corte francesa: aprender as etiquetas exigidas a uma delfina, e aprender a se comportar, se vestir conforme as regras da corte da França e seguir todo aquele ritual, que para ela, uma menina, não tinha importância alguma. E por fim, Antonieta casou-se adolescente aos 14 anos e não era feliz com seu marido, mesmo porque eles definitivamente não combinavam.  Ela era uma jovem, extrovertida, ele muito sério e introvertido! Sim, o príncipe era um tanto tímido, tinha uma personalidade, muito pacata. O que ele realmente gostava era ler seus livros favoritos, se fartar nos banquetes e caçar.
 


Maria Antonieta é enviada para França.
 
E mais tarde o Rei da França, Luís XIV, contraiu varíola, uma doença muito séria e sem muitas chances de cura naquela época. Como já era previsto, o rei faleceu repentinamente e assim, seu sucessor, Luís XVI, assumiu o reinado, ainda jovem e inexperiente, sem preparo e sem condições de lidar com questões importantes como governar uma nação.  Valem pontuar, que a França já vinha atravessando uma fase difícil, o país se destacava por estar atrasado em relação à Europa. Conforme estudamos em sala de aula, a Europa em si, vivenciava, uma espécie de revolução industrial com um início de modernidade, porem França tentava permanecer com uma vida estilo feudal onde existia uma divisão de classes. Esse foi um dos fatores contribuiu para os eventos seguintes que culminaram na Revolução Francesa.
 
Continuando, Luís XVI é coroado rei da França e Maria Antonieta, Rainha consorte da França e Navarra. Duas crianças, assumindo o trono, com poder absoluto, toda uma enorme responsabilidade com um país e sem saberem de fato o que fazer. Claro, não estavam preparados para reinar, mas não tiveram escolhas. Mais tarde, Antonieta, decide se mudar para o Trianon, um palácio separado de Versalhes, onde ela poderia viver com mais liberdade, fazer o que bem entendia, ou seja, ser ela mesma.

Zweig, retrata Maria Antonieta, como uma mulher cheia de energia e intensa. A rainha não tem muita responsabilidade, ela só pensa em se divertir e por isso decidiu que viveria Trianon. Sua fase, vivendo no Petit Trianon, foi marcada por grandes festas luxuosas, gastos exorbitantes, jogos, e eventos que duravam toda a madrugada. O autor ainda diz  Luís XVI gostava de comer muito e beber vinhos encorpados, Antonieta, comia pouco e quase não tocava o vinho. Ele continua citando as diferenças entre os dois e diz que o elemento de Luís XVI é o sono e de Antonieta é a dança, o mundo dele é o dia, o dela a noite. Assim, os ponteiros de seus relógios Vitais caminham em direções opostas, como sol e a lua. As 23: h quando o rei, se recolhia para dormir, Antonieta começava a vibrar. Algumas vezes no salão de jogos, outras em bailes, sempre em lugares diferentes, mas a diversão durava a madrugada inteira. De manhã, quando ele já havia passado horas cavalgando, perseguindo a caça, Antonieta começava a despertar (Claro, passava a noite em festas).
 
 
Uma rainha extrovertida casada com um rei introvertido.


Os dois eram completamente diferentes, não combinavam em absolutamente nada! Claro, foi um casamento arranjando por questões políticas, não havia amor, na real eles nem se quer se conheciam e nem tinham interesse amorosos. Por isso, se de fato em algum momento de sua vida ela teve amantes, ou viveu um amor com Fersen, não a condeno, afinal já era de se esperar que isso aconteceria. E o autor, não tira a culpa de Antonieta, e nem a condena, ele prefere mostra a mulher por trás do mito, e exatamente por isso que ele acaba humanizando ainda mais Antonieta.
 
Sabemos bem, que todos esses fatores, levaram a rainha a encontrar seu trágico destino. O estilo de vida extrovertida de Antonieta, começou a gerar fofocas ao seu respeito, Antonieta, foi uma das primeiras vítimas de fake Nens, já naquela época. E isso fez com que a Rainha, ficasse com má reputação, conhecida por esbanjar desnecessariamente o dinheiro publico, com joias, vestidos caríssimos. E se tudo isso não fosse ruim para a reputação de uma rainha, Antonieta, também, tinha o péssimo costume de privilegiar seus favoritos dando-lhes cargos importantes no governo para os quais eles não tinham preparos algum.
 
Alguns defendem que ela e o conde sueco, Áxel von Fersen tivessem de fato sido amantes, porem  nunca foi provado. Recentemente alguns cientistas, com uma nova técnica, desvendaram algumas cartas românticas censuradas, porem não há prova se esse amor deles tenha sido ou não consumado. Em Rosa de Versalhes, Antonieta e Fersen tornam-se amantes, e o romance deles acaba na boca do povo da França.
 
Maria Antonieta e Fersen no anime Rosa de Versalhes.

 
 Zweig, também fala sobre Fersen na página 259 e seu possível envolvimento amoroso com Maria Antonita: o autor diz o seguinte "Uma série de cartas de Maria Antonieta, anotadas no livro de correspondências como Cartas de Josefina, (sim, era dessa maneira que a chamavam), desapareceram, assim como o diário de Fersen, sobre os anos decisivos. E mais curioso ainda, nas cartas a linhas inteiras substituídas por pontinhos. Uma mão qualquer mexera, acintosamente, no acervo. E sempre que o material epistolar, completo, é adulterado ou destruído por descendentes, não nos livramos das suspeitas de que fatos foram eclipsados, com o propósito de uma pálida idealização, mas guardemos de opiniões pré-concebidas, mantenhamos- frios e parciais." 
 
São as Cartas que mencionei acima,  que foram adulteradas! Em minha opinião, Fersen foi sim o grande amor de Maria Antonieta e não, eu não a condeno, porque ela casou sem amor.
 
É importante lembrar, que  mesmo sendo um casamento político, o povo francês, em geral, incluindo alguns nobres, não aprovaram a união do delfim com uma princesa austríaca. E isso já fez com que Antonieta, fosse recebida com certa hostilidade por parte desses que eram contra a união. Devido ao comportamento da rainha, essa hostilidade, acabou por se tornar ódio, e Antonieta tornou-se uma das figuras mais odiadas da corte francesa no final do século XVIII.

O grande problema mesmo era, a vida da rainha no Petit Trianon, com todo esse estilo de vida livre, fazendo o que queria e completamente afastada de seu marido. Tudo isso prejudicou ainda mais sua reputação. Mesmo o autor retrata Antonieta como uma mulher comum, sabemos que ela era a rainha de um país e como rainha, deveria ter tido, sim, outra conduta. Uma mulher normal, no do século XVIII comportando-se de tal modo já seria motivo de fofocas, imagina a rainha da França? Como conhecemos hoje como “fake News” conversa sobre o comportamento da rainha, começaram a se espalhar entre o povo, havia muitas acusações mentirosas, porem tudo isso só aumentava o ódio e o desprezo do povo por Antonieta.
 
Petit Trianon


Maria Antonieta e seu esposo não se entendiam e viviam se tratando de maneira fria e distante, porem o rei tinha um probleminha de saúde e devido a esse problema, o casal real demorou 7 anos para consumar o casamento. Mas como é mostrado em Rosa de Versalhes, Maria Antonieta, Luís XVI, Maria Antonieta e Luís XVI tiveram quatro filhos, porem infelizmente apenas um deles chegou à idade adulta. E foi a primogênita Maria Theresa — em homenagem à avó materna. Segundo livros de história, em 1778, após a menina nascer, Antonieta passou muito mal, chegou a sofrer uma crise convulsiva e até entrou em colapso; provavelmente causada pelas 12 horas em trabalho de parto.
 
Retrato Maria Antonieta com seus filhos.



Três anos depois veio ao mundo Luís José, cujo nascimento trouxe muita felicidade ao povo da França, Lembram dele em Rosa de Versalhes? Como esquecer o lindo principezinho que era completamente apaixonado por Lady Oscar, chegando até a roubar um beijinho da comandante. Uma cena das mais fofas do anime. ^^ Ele também aparece no live Action Lady Oscar de 1979 e tem um grande carinho pela comandante, que infelizmente é fictícia.
 
Lady Oscar e o príncipe herdeiro Luís José cena do live Action de 1979.


o segundo herdeiro foi Luís Carlos, nascido em março de 1785; e Sofia, em julho de 1786 — que faleceu no primeiro ano de vida por nascimento prematuro. E assim como Ikeda mostou em Rosa de Versalhes, José, o herdeiro, também faleceria cedo: aos 7 anos de idade, provavelmente por tuberculose. 

 
 Na página 265 ele diz o seguinte" Quem gosta de ver as coisas de maneira clara, enxerga a situação com clareza. Maria Antonieta, casada por razão de estado com um homem pouco amável e nada cativante, reprimindo durante anos sua necessidade psicológica de amor em favor do dever conjugal. Porem, assim que deu luz a dois filhos homens, herdeiros do trono de inquestionável sangue Bourbon para perpetuação da dinastia, considera terminado seu dever moral ao estado, a lei, a família e sente-se enfim livre.Após 20 anos sacrificados a política na última e trágica hora, a mulher que passou por tantas vicissitudes, resgata para si o direito mais puro e natural de não recusar mais o homem tão amado que é para ela tudo, amigo e amante, confidente e companheiro. Destemido como ela e dispostos compensá-la pelos seus sacrifícios. Como são pobres todas aquelas hipóteses artificiais a respeito da rainha docemente virtuosa, comparadas a realidade clara de seu comportamento. E como degradam sua coragem humana e a dignidade de sua alma aqueles que querem a todo custo defender a honra real. Pois nunca uma mulher é mais honrada e nobre do que quando obedece livremente seus sentimentos mais inequívocos, reprimidos durante anos. Nunca uma rainha é mais soberana do que quando age da maneira mais humana.

Lendo esses trechos, é possível entender porque Ikeda se encantou tanto com essa biografia. O autor não julga Antonieta por sua vida de diversão, pelos gastos excessivos ou pela frieza com o marido. Ele apenas enxerga Antonieta como uma mulher e parece tentar compreender seus sentimentos que a levaram a ter tais comportamentos. Nada justifica, sim, mas também não podemos condenar ninguém. Somos humanos, temo erros e acertos, pessoas que nos amam e que nos odeiam. Maria Antonieta antes de ser rainha era uma mulher como qualquer outra mulher.


 
Marcha das mulheres.
 
 
 
Chegamos em 5 de outubro de 1789, a famosa Marcha das mulheres, um fato histórico retratado em Rosa de Versalhes e que recentemente comentei aqui no blog. Resumindo, pois já falei sobre isso, um grupo de mulheres invadiu o palácio de Versalhes, elas protestavam contra o alto preço e a escassez do pão. O rei estava caçando animais em um bosque na comuna francesa próxima de Meudon, quando recebeu a notícia que uma multidão de furiosas mulheres, feirantes, estavam marchando em direção ao palácio real. O rei não se importou muito com a invasão em Versalhes, segundo dizem, ele apenas se incomodou por ser impedido de caçar.
Marcha das mulheres em Rosa de Versalhes.
 
 
 

Voltamos a falar de Maria Antonieta, que a reputação já estava no chão, panfletos falaciosos sobre a rainha começaram a ser distribuídos, a rainha era acusada de ser imoral. Luís XVI, por sua vez, diante aos olhos do povo, não passava de um rei tolo, dominado por uma mulher horrível, e que não reagia. Ele deixava sua esposa fazer o que bem-queria em um país que não era dela. Terminando, porque já escrevi demais e textos longos, quase ninguém quer ler. 
 
 
Então, a partir daqui, acompanhamos os últimos anos do casal real, desde a tentativa frustrada de fuga até seus trágicos finais na Guilhotina. Após a invasão em Versalhes, a família real foi forçada a deixar o palácio de Versalhes e retornar a Paris, ao palácio das Tulheiras, abandonado desde o reinado de Luís XIV, e destinado a ser destruído. Dai começou a pior fase da revolução francesa, que durou 20 anos, com líderes diferentes. Zweig fala um pouco sobre revolução Francesa nas páginas 299 e 300:

“Na Revolução Francesa – como em qualquer outra – distinguem-se claramente dois tipos de revolucionários: os revolucionários por idealismo e aqueles movidos por ressentimento; aqueles que tiveram uma situação melhor que a massa, desejam elevá-la até seu nível, melhorando a educação, a cultura, a liberdade, sua maneira de viver. Os outros, que sempre tiveram uma situação ruim, querem vingar-se dos mais afortunados e procuram exercer seu novo poder prejudicando os antigos poderosos. Essa concepção, por estar baseada na duplicidade da natureza humana, é válida para todas as épocas. Na Revolução Francesa, a princípio prevaleceu o idealismo. A Assembleia Nacional, composta por nobres e burgueses, os notáveis do país, queria ajudar o povo, libertar as massas; porém, a massa libertada, a violência desenfreada, volta-se logo contra os libertadores. Na segunda fase prevalecem os elementos radicais, os revolucionários do ressentimento, e para estes o poder é novo demais a fim de que pudessem resistir ao prazer de desfrutá-lo à fartura. As figuras de pouca inteligência e da opressão recém-libertada tomam o leme, e sua ambição é a de fazer descer a revolução até o nível de sua própria medida, de sua própria mediocridade espiritual”.

 Sim, porque se pararmos para pensas após a morte de Maria Antonieta na guilhotina, acabou o que eles queriam fazer, mas e agora?  a revolução continua e nada ainda havia sido resolvido.

A revolução Francesa retratada no Mangá Rosa de Versalhes

 

E mais para frente o autor continua dizendo" Agora, assim parece a revolução atingiu seu objetivo, o rei foi deposto, renunciou sem contestação e calado, habita sua torre com mulher e filhos. Porém, toda revolução é uma bola de neve sempre em movimento, quem estiver guiando e deseja continuar sendo seu guia deve correr com ela sem descanso a maneira dos acrobatas para manter-se em equilíbrio. Não há como parar um eterno movimento, sabe disso cada um dos partidos, temendo ficar para atrás dos outros. A direita temes os moderados, os moderados, teme os da esquerda, a esquerda teme seus próprios extremistas, os Girondinos. Os Girondinos, por sua vez, os partidários, os líderes temem o povo, os generais, os soldados, a conversão, a comuna, a comuna, as sessões e esse medo contagioso de um grupo em relação ao outro em pele sua energia interior a uma corrida implemente. Foi apenas o temos de parecer moderada que empurrou a revolução francesa, para além de seu objetivo propriamente dito. Ao mesmo tempo, imprimindo um impulso de uma Torrente que leva tudo e a si própria de roldão. Seu destino é derrubar todos os períodos de pausa que determinara para si. Suas metas uma vez atingidas devem ser ultrapassadas. A princípio, a revolução pensou ter cumprido seu papel com neutralização e a deposição do rei. Entretanto, deposto e sem coroa, aquele homem inofensivo ainda é o símbolo. E se a própria república arranca dos túmulos ossos de reis mortos para queimar aquilo que já era pós-cinzas, como então poderia suportar a sombra de um rei vivo. Os líderes acreditam que a morte politica de Luís XVI deve ser completada com a morte física a fim de precaver-se diante de qualquer recaída. Para um republicano radical, o edifício da república só pode ser estável e solido com se uma argamassa for feita com sangue real. Logo, os outros menos radicais concordam com a exigência com medo de ficar para trás na corrida pelo favor popular. E o processo contra Luiz Capeto (assim, era chamado o rei no fim da vida), é marcado para dezembro.

E isso tudo é pouco antes do rei ser decapitado, como sabemos ele morreu antes de Maria Antonieta, tanto que no fim da vida ela não mais era chamada de rainha e sim de viúva do Capeto.

Temos também um pouco sobre o trágico os últimos dias de Maria Antoniete que diz o seguinte" Maria Antonieta nunca o amou com paixão, há muito havia dado seu coração a outro, no entanto, viverá com ele dia a dia durante  20 anos. Dera-lhe quatro filhos, nunca naqueles tempos tumultuados o vira se não bondoso e dedicado a ela. Mais intimamente, ligados do que jamais foram nos anos de despreocupação, aquelas duas criaturas unidas para sempre apenas por uma razão politica de estado, tinham se aproximado nas horas sombrias na torre, por um túmulo de desgraças e padecimentos comuns. Além disso, a rainha sabe que logo devera segui-lo e galgar o último degrau, ele apenas a antecedeu por um Átimo.
 
A execução  de Maria Antonieta.



Tenho essa mesma impressão que ela nunca o amou, seu verdadeiro amor, foi Fernsen, isso não tenho a menor dúvida, porem nos últimos momentos, acredito que Antonieta se aproximou mais de seu marido. A execução de Luís XVI de França (1774-1792) deixou Maria Antonieta, no fim da vida, chamada de viúva do Capeto, sobrecarregada e cheia de tristeza, ela costumava ir aos seus aposentos na torre do templo, a fortaleza da prisão onde ela estava sendo detida com seus filhos Nos dias após a morte do marido, a antiga rainha não queria falar e nem comer. Ela se recusava a entrar nos jardins para tomar ar fresco, já que isso exigia passar pelas câmaras vazias do rei, agora dolorosamente silenciosas. O fim dos monarcas foi triste, Antonieta adoeceu, seus cabelos ficaram todos brancos devido ao estresse e por fim ela foi guilhotinada.
 


Morte de Maria Antonieta em Rosa de Versalhes.
 
 Para mim, Antonieta, não foi uma pessoa má e cruel, porem ela também não foi uma boa rainha! Para começo de conversa, ela chegou a Versalhes, para casar-se com o Delfin, da França, para selar a união dos países inimigos França e Áustria e já começou com problemas com a favorita do rei madame Du Barry, como também acontece em Rosa de Versalhes.  Ao se tornar rainha do consorte, não se comportou como o esperado,   o povo da França passava fome em quanto ela esbanjava o dinheiro com luxo e festas, claro ela foi bobinha e ingênua, imatura e um tanto egoísta, vítima de muita fofoca, e casada com um rei, meio paspalhão, porem ela também cometeu muitos erros que prejudicaram sua imagem. Antonieta nunca demonstrou interesse por política, na verdade, ela passou a despertar o interesse pela política quando a situação já estava feia.  Resumindo, ela deu, sim, pano para mangá durante todo o período de seu reinado que terminou com os acontecimentos da Revolução Francesa. Nesse livro o autor tenta o tempo todo desculpá-la, claro ela era uma humana, mas também uma rainha e poderia ter tido, sim, mais responsabilidade, mais maturidade. Não a odeio, muito pelo contrário, tenho pena dela, já que teve uma vida infeliz, mas ainda, sim, acho que ela poderia ter sido uma grande rainha e não ter terminado odiada e condenada a morte na guilhotina.
 

 
Enfim, o livro é enorme, porem interessantíssimo, a maneira que o autor narra a vida da monarca, é divertida, nada cansativo, e embora o livro seja grande a leitura é bem tranquila, dá para ler umas 11 páginas por dia. Se você gosta da Rosa de Versalhes, recomendo que leia, porque todos os eventos da Rosa de Versalhes foram baseadas nessa obra. Super recomendo, e para quem quiser Maria Antonieta o Retrato de uma mulher comum, está disponível no, Amazon. Encontrei um interessante vídeo, sobre esse livro, então deixo logo abaixo:
 


Só aviso que o texto é de minha autoria, baseado na leitura do livro Maria Antonieta, O retrato de Uma Mulher comum, que inclusive tenho na coleção. Algumas partes foram citadas é do próprio Livro. Esse foi um dos pouquíssimo blog a resenhar essa obra, portanto essa resenha foi feita por mim.

Enfim, espero que tenham gostado!


ady Oscar diz... Obrigada por sua visita! Volte sempre que quiser.

 


 




 

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