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sábado, 8 de novembro de 2025

Ainda sobre a Palestra de Riyoko Ikeda: Da Recusa à Disney aos Segredos Financeiros e Editoriais (Com Minha Opinião de Fã)

 

Olá, queridos amigos da Lady Oscar, sejam Bem vindos!





Conforme mencionei em posts anteriores, no dia 30 de outubro de 2025, a aclamada sensei Riyoko Ikeda realizou uma palestra especial em Tóquio.

Intitulada 「ベルサイユのばら」とわたし (“Versailles no Bara e Eu”), o evento foi uma verdadeira viagem apaixonante pelo nascimento, desafios e legado de "Berusaiyu no Bara" — mais conhecida por aqui como A Rosa de Versalhes.

Organizada como um encontro intimista com fãs, a palestra serviu como uma reflexão profunda sobre a trajetória artística da autora, destacando como este mangá mudou para sempre a história do shōjo (mangá para meninas) no Japão e no mundo.

Volto a este assunto, que já cobri brevemente por aqui, porque o Riyoko Ikeda Fan Site — uma fonte confiável mantida por fãs italianos com vasto conhecimento da obra — trouxe detalhes adicionais e fascinantes sobre essa noite. Resolvi, então, trazer esses novos pontos para o blog e aproveitá-los para dar minha opinião de fã sobre as revelações da sensei.

Vamos mergulhar nos novos detalhes:

A Recusa à Disney e a Busca pela Liberdade Artística

Um dos momentos mais comentados da noite — e que gerou muitos comentários nas redes sociais — foi a história de quando, anos atrás, a Disney solicitou os direitos de "A Rosa de Versalhes" por uma quantia considerada "muito alta". [* Isso já tinha sido mostrado no post anterior*]

Riyoko Ikeda explicou por que recusou a proposta: "O nome 'Riyoko Ikeda' teria sido apagado". Ou seja, a autora não queria que sua autoria fosse ofuscada pela marca gigante.

Comentando a situação com um sorriso, ela acrescentou um toque de humor que provocou risos na plateia: "Mas às vezes penso que talvez pudesse ter aceitado...". E completou, rindo: "Todas as minhas economias foram para a música!", referindo-se à sua carreira posterior como cantora de ópera.

O Poder do Desafio na Leitura

Riyoko Ikeda então relembrou a história da publicação de Berubara, recordando como a série, inicialmente destinada a meninas, se tornou um fenômeno cultural capaz de conquistar também leitores adultos e internacionais.

Ao escrever o mangá, ela tomou uma decisão ousada: usar uma escrita complexa. Sua justificativa é um manifesto pela educação e respeito ao público jovem: "As meninas merecem obras que as desafiem, não que as tratem como crianças".

Ela expressou preocupação com a perda do hábito da leitura e o declínio do número de leitores hoje em dia, mas mantém a esperança no valor de obras que "perduram ao longo do tempo".

Dificuldades, Censura e Dignidade Feminina

A sensei compartilhou momentos de extrema dificuldade financeira:

« Durante a publicação em série [de A Rosa de Versalhes] eu estava tão pobre que só me restavam dez ienes na carteira… Foi assustador. Mas foi justamente nesses momentos extremos que encontrei a coragem e a força de espírito para continuar »

Ela também falou com orgulho da tradução do mangá para o inglês, relembrando as dificuldades de adaptá-lo para o mercado americano, que pedia cortes em certas cenas. A resposta de Ikeda foi firme: "Meu trabalho também fala da liberdade do corpo e do amor. Eu não queria simplificá-lo."

Com sua habitual clareza histórica, Riyoko Ikeda discutiu o contexto da Revolução Francesa e a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão:

"Era um documento que falava de homens, não de mulheres. Aqueles que reivindicaram seus direitos acabaram na guilhotina", lembrou ela, provocando um murmúrio na sala.

Para a autora, Berubara permanece uma obra que fala, acima de tudo, da dignidade e da coragem feminina.

Notas Pessoais e o Processo Criativo

Na seção final, Ikeda respondeu às perguntas dos fãs, revelando detalhes íntimos do seu processo criativo:

Como os personagens mudam "por conta própria" enquanto ela escreve;

Quem são seus favoritos (um carinho especial por Luís XVI, "tão humano em sua desajeitada" natureza);

Como a editora impôs a duração da publicação em série — "Dois anos e meio: eu poderia ter escrito para sempre";

E como hoje, ouvir o marido cantar é o que a faz mais feliz no mundo.

A palestra mostrou, mais uma vez, a força de uma autora que nunca abriu mão de seus ideais, seja na arte, na história ou na vida pessoal.


Bem, essa foi a tradução, então vamos aos comentário.


Esses detalhes que surgiram agora, e que não estavam no meu post anterior, trazem uma camada de profundidade e humanidade à figura de Riyoko Ikeda. Eles servem como um complemento essencial à cobertura da palestra, revelando aspectos bem pessoais da vida da mangaká.

Dois pontos em particular me chamaram a atenção e merecem nossa reflexão:

1. A Verdadeira Extensão do Prazo Final

A autora mencionou que a editora impôs a duração da publicação em série — "Dois anos e meio: eu poderia ter escrito para sempre".

Sim, porque a história caminhava para um ponto sem retorno. Primeiro, Ikeda sensei "matou" André, e logo depois, Oscar. Diga-se de passagem, Oscar era o grande motor da história. O sucesso de "A Rosa de Versalhes" vinha do carisma da protagonista e do seu romance trágico com André. Sem os dois, o interesse das jovens leitoras, naturalmente, não seria o mesmo.

O que a palestra confirma é a pressão brutal que ela sofreu. A editora, de fato, deu a ela um ultimato de apenas 10 dias para finalizar a obra! Isso fez com que o final da série, sejamos honestos, perdesse um pouco a qualidade e parecesse apressado. Não a culpo nem um pouco; a pressão foi imensa e ninguém deveria ser submetido a isso.

2. O Personagem Favorito e a Felicidade Conjugal

Outra surpresa foi a revelação de seu personagem masculino favorito em Berubara: Luís XVI. Ela nutre um carinho especial por ele, descrevendo-o como "tão humano em sua desajeitada" natureza. Isso me pegou desprevenida, pois, até onde eu sabia por entrevistas anteriores, ela gostava muito do Girodelle! Mas, ok, o coração da autora mudou com o tempo.

E, finalmente, algo que me deixou genuinamente feliz foi ver o grande amor que ela sente pelo marido. Sabe aquela sensação de que Ikeda sensei finalmente encontrou seu próprio André, mas com um final feliz?

Ela revelou que, atualmente, ouvir o marido cantar é o que a faz mais feliz no mundo. Achei de uma delicadeza e um carinho incríveis a maneira como ela mencionou a importância do parceiro em sua vida. É um belo fechamento para a jornada de uma mulher que escreveu sobre um amor que desafiou todas as convenções.



Opinião de Fã: A Disney, Berubara e o Final Feliz Forçado.


Conforme já mencionado, um dos pontos altos da palestra de Riyoko Ikeda foi a confirmação de que ela recusou uma proposta "bilionária" da Disney pelos direitos de "A Rosa de Versalhes". Essa notícia, que eu já havia comentado por aqui, chocou muitos fãs, e alguns vieram me perguntar: como fã das duas coisas, você gostaria de ver Berubara em uma adaptação da Disney?

A resposta curta é: Não.

E a resposta longa, que exige alguma explicação, é que, por mais que eu ame a Disney — ao ponto de ter coleções completas dos clássicos em DVD! —, a empresa tem um grande problema com histórias mais sérias ou trágicas.



O Problema com a Tragédia

O público-alvo da Disney é, inegavelmente, o infantil. Para encantar as crianças, eles sempre dão um jeito de modificar narrativas, suavizar as arestas e, claro, garantir aquele final feliz obrigatório.
Um exemplo clássico e doloroso disso é "O Corcunda de Notre Dame". Apesar de ter uma trilha sonora belíssima e visualmente impressionante, a animação da Disney altera profundamente a obra original de Victor Hugo. O final trágico e sombrio do livro é transformado em um desfecho agridoce, onde a tragédia é atenuada para ser "digerível" pelo público kids.
"A Rosa de Versalhes" é, em sua essência, uma tragédia histórica. Envolve decapitações, sacrifícios, escolhas morais complexas, a brutalidade da Revolução Francesa e um romance que termina em morte. A beleza da obra de Ikeda reside justamente na sua capacidade de tratar esses temas com seriedade, sem simplificações.
O Corcunda de Notre Dame Disney.



Ikeda Salvou Oscar e André

Na minha opinião, Riyoko Ikeda agiu com sabedoria e protegeu sua criação. A recusa dela em vender os direitos, pois "o nome 'Riyoko Ikeda' teria sido apagado", não era apenas sobre autoria, mas sobre preservar a integridade da história.

Tenho a convicção de que uma adaptação da Disney faria algo como:

Transformar Oscar em uma princesa que descobre sua feminilidade no final;

Fazer André sobreviver milagrosamente ao tiro;

Ignorar completamente o destino da Rainha Maria Antonieta na guilhotina.

Seria uma versão "higienizada" de Berubara, que perderia toda a sua força e impacto.

Portanto, sim, acho que Riyoko Ikeda salvou "A Rosa de Versalhes" de uma adaptação ruim e de um final feliz que a obra nunca precisou ter.


É fundamental reforçar que tudo isso é minha opinião de fã e conhecedora de ambas as obras: "A Rosa de Versalhes" e o universo Disney.
Minha posição é clara: embora eu ame as duas coisas, elas são fundamentalmente distintas e, na minha visão, simplesmente não combinam.

Berubara é um romance histórico. Mesmo apresentando personagens fictícios inesquecíveis como Oscar e André, o pano de fundo é baseado em acontecimentos históricos reais. É, por definição, uma história trágica, que lida com a brutalidade da Revolução Francesa e a inevitabilidade do destino.
Como argumentei antes, a Disney não saberia lidar com essa história sem descaracterizá-la completamente. A essência de A Rosa de Versalhes é a melancolia e o sacrifício; a essência da Disney é a magia e o final feliz. Tentar forçar uma união entre as duas resultaria em uma obra que não faria justiça a nenhuma delas.

Enfim, é isso! Se quiserem comentar, na fanpage do blog, ou até mesmo aqui , fiquem a vontade.

Um bom final de semana a todos vocês amigos da Lady Oscar.
 
 
Espero que tenham gostado!



lady oscar identitàady Oscar diz... Obrigada por sua visita! Volte sempre que quiser!





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