Olá, queridos amigos da Lady Oscar, Sejam Bem Vindos!
Amanhã celebra-se o aniversário de uma lenda viva: Riyoko Ikeda, a mente brilhante por trás da imortal obra A Rosa de Versalhes. Em um gesto de admiração e carinho pela nossa querida sensei, decidi mergulhar em uma jornada de pesquisa, buscando por entrevistas inéditas que pudessem enriquecer nosso blog.
Nesse "garimpo" digital, deparei-me com uma verdadeira joia: uma entrevista fascinante, embora datada de 2017, originalmente publicada no portal japonês Hominis O que a torna tão especial vai além do esperado.
Como se poderia prever, Ikeda discorre com maestria sobre o universo dos mangás, mas a conversa transcende as páginas e flui naturalmente para o cinema. Fiquei genuinamente surpresa — e instantaneamente conectada à autora — ao descobrir que um dos seus filmes prediletos é o aclamado O Homem que Não Vendeu Sua Alma (A Man for All Seasons). Mais do que isso, é um clássico que meu próprio pai assistiu incessantemente em DVD.
Uma Nota sobre a Tradução:
Gostaria de salientar aos nossos leitores que, como minha proficiência em japonês se limita ao que aprendi no Kumon, a tradução deste material foi realizada com o auxílio do Google Tradutor. O objetivo principal é tornar esses conteúdos riquíssimos acessíveis a todos. Caso identifiquem qualquer imprecisão ou erro na tradução, por favor, não hesitem em me avisar. Sua colaboração é fundamental para aprimorarmos o conteúdo deste espaço, que já está no ar há honrosos quatro anos.
Para os poliglotas ou puristas de plantão, o link da entrevista encontra-se acima.
Observação Pessoal:
Aproveito para fazer uma observação singela: Riyoko Ikeda parece dominar a rara arte de envelhecer com graça e lentidão. A entrevista é de 2017, mas ao comparar com fotos mais recentes, sua aparência mudou pouquíssimo. Uma verdadeira inspiração!
Espero, de coração, que cada pessoa que passar por aqui reserve um momento para ler e apreciar este achado que preparei com tanto entusiasmo. Boa leitura!
Entrevista Especial com a mangaká Riyoko Ikeda autora da Rosa de Versalhes (2017 Artigo traduzido).
Todos os meses, é exibido o programa Kono Eiga ga Mitai (Quero Ver este Filme) no canal Movie Plus, no qual personalidades que atuam em gêneros diversos conversam sobre filmes que tiveram influência em suas vidas.
A convidada do 45º programa, exibido em 5 de junho, será Riyoko Ikeda, autora do consagrado mangá A Rosa de Versalhes (ベルサイユのばら). Dentre as cinco obras escolhidas pela autora — que mantém uma vontade insaciável de criar mesmo após celebrar 50 anos de carreira — estão filmes de forte crítica social, como O Homem que Não Vendeu Sua Alma (1966) e No Mundo de 2021 (1973). Que tipo de cinema será que move a inspiração de Riyoko Ikeda?"
— Dentre os filmes que você escolheu como “obras que influenciaram seu modo de viver”, há apenas produções de crítica social, começando por O Homem que Não Vendeu Sua Alma (1966), passando por Limite de Segurança (1964), Alemanha, Mãe Pálida (1980), Capital Humano (2013), entre outros. É desse tipo de filme que você costuma gostar?
Riyoko Ikeda: Isso mesmo. Foi o filme O Homem que Não Vendeu Sua Alma, que assisti durante o ginasial, que me fez pensar que era daquela forma que eu também gostaria de viver. Como o cinema é algo muito importante para mim, escolhi esses cinco facilmente. Entre as obras que não selecionei desta vez, há também filmes de que gosto sobre o Apartheid na África do Sul, sobre Mahatma Gandhi, etc. Por conta do meu trabalho, consumo muitas histórias românticas ou comédias românticas, mas, no geral, não costumo assistir a esse tipo de gênero por lazer.
— O que a fez começar a gostar de cinema?
Riyoko Ikeda: Acho que ...E o Vento Levou (1939) e o filme As Diabólicas (1955), estrelado por Simone Signoret — aos quais assisti com minha mãe quando era pequena — foram o início de tudo. Mas passei a gostar naturalmente, por ser algo que nos mostra um mundo que não poderíamos experienciar por conta própria.
— No programa, foi mencionado que você teria interesse em dirigir um filme, não é?
Riyoko Ikeda: Sim, porque é algo de que realmente gosto. Antigamente, havia tantos DVDs e fitas VHS na minha casa que pareciam uma montanha. Como hoje em dia conseguimos comprar e ver filmes prontamente pelo controle remoto, acontece de eu, quando me empolgo, assistir a uns três filmes em um único dia. Porém, com essa quantidade, algumas obras chatas acabam aparecendo no meio (risos). Já aconteceu de eu pensar: “Alguém investiu milhões em um negócio desses? Deveriam deixar que eu também criasse um filme!” (risos).
— Se fosse criar, seria um filme de crítica social mesmo, não é?
Riyoko Ikeda: Há várias possibilidades. Eu gosto de filmes B de terror também; quanto a esse gênero, adoro Dia dos Mortos (1985). Assisti várias vezes, morrendo de medo. Além dele, gosto de Alien (1979). Existem as continuações, mas o primeiro é de fato formidável. Como as pessoas que fazem cinema são obcecadas por detalhes, dá para descobrir coisas novas ao assistir repetidas vezes. Penso que filmes que não perdem o frescor, mesmo quando vistos repetidamente, são as verdadeiras obras-primas.
— Qual o seu critério na hora de escolher um filme para assistir?
Riyoko Ikeda: Acho que sigo a minha intuição. Por isso, cartazes e pôsteres são tão importantes. Se um ator de que gosto aparece, também ajuda. Por exemplo, John Travolta ou uma das estrelas de O Homem que Não Vendeu Sua Alma, o Nigel Davenport. Eu não gosto muito desses atores magros pelos quais as mulheres, no geral, fazem estardalhaço; prefiro homens que tenham um físico robusto. O melhor é o "Shuwa-chan" (Arnold Schwarzenegger), sendo O Exterminador do Futuro (1984) o filme dele de que mais gosto. Também gosto de Sylvester Stallone, e o meu favorito dele é Rocky (1976).
— Dentre as obras escolhidas por você, como em O Homem que Não Vendeu Sua Alma, há aspectos em comum com o mundo de A Rosa de Versalhes, onde um homem se atém à sua fé. Porém, filmes B de terror e de ação são algo inesperado vindo do estilo da Ikeda-sensei.
Riyoko Ikeda: Hehe. Por outro lado, como eu consumo muitos filmes de crítica social, ao ver esses outros gêneros talvez eu esteja conseguindo balancear as coisas.
— Na hora de desenhar uma obra, você já foi influenciada pelo cinema?
Riyoko Ikeda: O Osamu Tezuka-sensei também já falou sobre isso: os filmes são feitos de vários ângulos, não é? Por exemplo, o plano plongée. Esse aspecto, nos mangás, nasceu do aprendizado com o cinema. Eu também desenho pensando em como a cena seria filmada caso se tratasse de um longa — ir de um plano geral para um close-up aproximando a câmera, imaginar que tipo de música estaria tocando ao fundo, etc. Aprendi realmente muitas coisas com os filmes na hora de desenhar meus mangás.
— Recentemente, há muitos filmes baseados em mangás. O que você sente em relação a essa situação?
Riyoko Ikeda: Quando A Rosa de Versalhes foi publicado, cheguei a ser criticada pela mídia de massa. Diziam que, comparados aos livros, os mangás enfraqueciam o poder de imaginação das crianças por já terem desenhos. Nessas horas, eu refutava perguntando: “Então os filmes também não seriam um problema?” (risos). E agora, muitos filmes japoneses são baseados em mangás, não? Acontece o mesmo com os doramas; você acaba pensando se está tudo bem as coisas serem assim (risos). Mesmo dizendo isso, há uma obra minha que eu gostaria que fosse adaptada para um dorama matutino: chama-se Shouko no Etude (章子のエチュード), que fiz pouco antes de A Rosa de Versalhes. Eu queria muito que ela fosse transformada em dorama (risos).
— E, por fim, o que é um filme para você?
Riyoko Ikeda: O ser humano só consegue viver por um tempo limitado. Porém, ao ver filmes — que são a manifestação dos pensamentos de outras pessoas —, é como se eles fizessem nossa vida durar 180 ou até 200 anos. Penso que o cinema seja exatamente isso.
PERFIL
Ryoko Ikeda
Nascida em 18 de dezembro de 1947, na província de Osaka. Estreou no mundo dos mangás em 1967, enquanto estudava na atual Universidade de Tsukuba. Em 1976, consolidou sua popularidade como autora de mangá shojo com "A Rosa de Versalhes". Em 1995, aos 45 anos, ingressou no Departamento de Música Vocal da Escola de Música de Tóquio. Após se formar, ela começou a trabalhar como vocalista. Em 2014, lançou o 11º volume de "A Rosa de Versalhes", seu primeiro lançamento em 40 anos, que atraiu muita atenção. A exposição em Nagano, "Exposição do 50º Aniversário: Riyoko Ikeda — Com 'A Rosa de Versalhes'", será realizada no Centro Cultural Kitano de 20 de julho a 20 de setembro.
Fotografia: Kenichi Sasazawa; Entrevista e Texto: Shizuka Oikawa
Este artigo é uma republicação do Yommil! ONLINE.
Pois bem, essa foi a tradução, vamos aos comentários:
Esta entrevista revela uma Riyoko Ikeda que vai muito além do estereótipo de uma autora de romances históricos; ela se mostra uma intelectual de gostos ecléticos e uma artista de profunda coragem pessoal.
É fascinante notar o contraste em suas preferências. Ao mesmo tempo em que é o pilar do mangá shojo clássico, Ikeda revela uma inclinação por filmes filmes de terror e obras de ação robustas como O Exterminador do Futuro. Essa "necessidade de balancear as coisas", como ela mesma define, sugere que sua criatividade se nutre tanto do drama humano refinado quanto da energia bruta do cinema de gênero. Para o leitor, isso humaniza a "lenda" e mostra uma mente curiosa que não se deixa prender por rótulos.
A análise técnica que ela faz sobre o uso de ângulos, como o plongée, e a transição entre planos gerais e close-ups, demonstra como ela foi uma das pioneiras a trazer a linguagem cinematográfica para o papel. Quando ela menciona que desenha imaginando a trilha sonora, compreendemos por que suas obras possuem uma carga dramática tão imersiva. Ela não apenas desenha quadrinhos; ela dirige filmes no papel, o que explica a longevidade e o impacto visual de A Rosa de Versalhes.
O comentário final de Ikeda sobre o cinema é de uma elegância poética rara. Ao definir o filme como uma ferramenta que permite ao ser humano viver "200 anos" através da visão alheia, ela eleva o entretenimento ao status de expansão da alma. Isso reflete sua própria vida: uma mulher que estreou nos mangás, mas que aos 45 anos decidiu viver uma nova vida na música lírica. Para Ikeda, a arte — seja ela cinematográfica, visual ou musical — é o veículo que permite burlar a finitude do tempo.
"Riyoko Ikeda nos ensina que a verdadeira essência de um criador reside na capacidade de absorver o mundo em todas as suas formas — da crítica social densa ao terror visceral — e transformar essa mistura em algo eterno. Sua trajetória é, em si, um filme que gostaríamos de assistir repetidas vezes, sempre descobrindo um novo detalhe."
Espero que tenham gostado!










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