Olá, queridos amigos da Lady Oscar, sejam Bem Vindos!
Sabe aquele tipo de postagem desnecessária sobre animes e mangás que vive pipocando no seu feed do Facebook? Aquelas de pessoas que se autodenominam especialistas, mas que, na verdade, só estão ali para despejar uma crítica vazia e sem fundamento sobre a sua obra favorita?
Pois bem, é exatamente sobre esse fenômeno que falaremos hoje: a 'síndrome do especialista de sofá' no universo da cultura pop japonesa.
De vez em quando, parece que alguém sente uma urgência incontrolável de externalizar opiniões sobre algo que, claramente, não é sua praia. Esse comportamento é frequente no mundo dos animes, especialmente agora que eles deixaram de ser nicho para se tornarem fenômenos de costume e foram redescobertos como verdadeiros ícones pop globais.
"Discutir uma obra clássica como 'Rosa de Versalhes' (ベルサイユのばら) é sempre um prazer, mas é preciso filtrar o ruído. Certas postagens, talvez por serem genéricas demais, acabam por atrair o comentarista superficial de plantão. Refiro-me àquele tipo de 'entendedor' que se diz especialista na Lady Oscar, mas que, no fundo, só busca um palco para autopromoção, sem oferecer a real substância que a obra merece."
Recentemente, as 'iluminações' de uma colunista ( não direi seu nome), em particular motivaram a escrita deste texto. Dada a sua linha de publicações anterior, a surpresa é mínima. Essa pessoa compartilhou uma opinião não solicitada sobre o motivo de tantas pessoas ainda se identificarem com Goldrake (ou Grendizer).
Essa discussão, que surgiu em uma página italiana popular do Facebook , resultou em um texto que, na opinião de seu autor, era engraçado e perspicaz. Na verdade, o texto foi dolorosamente equivocado.
"Mas, para além desse caso, o que realmente nos interessa é a tendência de levar tudo a um nível de exegese descabida (análise profunda/quase religiosa) — ou, pior, de menosprezar obras-primas com análises superficiais. O texto abaixo, que recebi e que reflete a discussão sobre Lady Oscar na Itália, é um exemplo do tipo de 'confusão que se acha inteligente' que precisamos refutar:"
Segue o texto original traduzido:
OSCAR
Talvez quem diz que exageramos na exegese (análise profunda/quase religiosa) dos desenhos tenha, sim, um pouco de razão. Às vezes, dá para rir, sabe? Porque se alguém ainda escrever em privado “Mas Lady Oscar...”, juro que vai desmaiar. É sério.
Mas não adianta. É só mencionar Lady Oscar e começam os posts místicos, os olhares absortos, as invocações à beleza, à dor, à identidade, à revolução. Oscar vira Jung, vira Virginia Woolf, vira a Divina Comédia, só que com cavalos e sem o Virgílio.
É um festival de "me formou como pessoa", "é minha guia interior", "fiz meu coming out graças a ela", "quando o André morreu, chorei por trinta anos". Ok. Tudo bem. Mas agora já deu.
Vamos fazer um pequeno reset.
Lady Oscar é uma obra-prima? Sim. É desenhada por Deus, escrita ainda melhor, e a série reassistida amanhã mesmo sabendo de cor. Mas continua sendo um desenho. Sim, eu sei: “anime japonês”, “shōjo
histórico”, “narrativa política com subtexto queer”. Mas, no fim das contas: desenho. Com cavalos, cravos, gente que se ama de forma sofrida e uma média de duas mortes a cada quatro episódios.
Oscar François de Jarjayes. Uma loira de uniforme militar criada por um pai que, em vez de ir fazer terapia pela frustração de não ter tido um filho homem, decide resolver o problema alistando a filha na Guarda Real. E a partir daí, é ladeira abaixo. Olhares longos. Duetos ao amanhecer. Fersen suspirando. Maria Antonieta comprando. Rosalie chorando. André servindo e morrendo. Oscar reprimindo tudo, amando em silêncio, comandando com orgulho e morrendo assim que ousa desejar algo para si mesma.
O melhor é que todos nós caímos nessa.
Porque Lady Oscar é estruturado cientificamente para arruinar nossa adolescência e formatar nosso sistema sentimental. Ensinou a gente que:
O amor verdadeiro não se vive, se olha de longe.
Se você gosta de alguém, ignore a pessoa por trinta anos.
Se você finalmente a beija, ela morre.
A felicidade é só um intervalo rápido entre duas desgraças.
E nós, que somos obedientes, levamos isso a sério. Seríssimo.
O resultado? Uma geração inteira que até hoje não consegue diferenciar paixão de sofrimento, ou romantismo de luto. Gente que, se um parceiro a trata bem, acha que tem algo errado. "Ah, ele é gentil, disponível, está sempre comigo... sei lá, não sinto a emoção."
Claro que não sente! Você não está prestes a morrer a cavalo na tomada da Bastilha!
E ainda tem os personagens secundários, que mereciam um spin-off cômico só para eles.
Fersen, o "príncipe de Ikea": bonito, elegante, sempre prometendo e suspirando, capaz de amar duas mulheres ao mesmo tempo sem encostar em nenhuma. O típico cara que manda áudio de sete minutos em versos e te deixa esperando enlouquecida.
André, santo protetor dos friendzonados da Europa. Ele a ama, a segue, a salva, fica cego por ela, e só quando ele está nos seus momentos finais ela diz: "Ah, é mesmo, sabia que eu te amava?". Ele a beija. E morre. Conforme o manual.
Maria Antonieta? Uma gatinha mimada com cartão de crédito ilimitado. A Du Barry? Tipo uma socialite de araque em Versalhes, puro decote e maldade barata. A Condessa de Polignac? Aquela amiga bonitinha que sorri para você enquanto destrói sua reputação, sua vida e rouba sua prataria por esporte.
Um bando de víboras empoadas, entre tules e facadas silenciosas.
E nós, ali. Ainda. Elevando cada cena a um gesto sagrado. Cada diálogo é uma parábola. Cada lágrima é uma lição de vida. Cada morto, uma tese de doutorado.
Basta, pessoal. De vez em quando, dá para rir.
Oscar foi grande. Uma tragédia em três atos, em francês e na ponta da espada. Uma educação para a dor com aquela franja que nunca se movia. Mas também um desenho com mais repressão emocional do que um casamento entre dois icebergs.
Então sim, Lady Oscar marcou nossa infância. Mas hoje, por favor, vamos encarar isso também com uma risada.
Porque o mundo já é trágico o suficiente, não precisamos reencenar a tomada da Bastilha toda quinta-feira à noite.
Merci.
E agora, marchemos. Mas com um sorriso.
Vamos aos comentários:
O texto acima pode parecer engraçado, mas demonstra que o autor, ao debochar da obra de Ikeda, quis fazer uma crítica sem realmente entender sobre o assunto — limitando-se a uma leitura superficial. Para além desse caso, o que realmente nos interessa é a tendência de levar tudo a um nível de exegese descabida (análise profunda/quase religiosa) — ou, pior, de menosprezar obras-primas com análises superficiais. Esse texto italiano sobre Lady Oscar na Itália, é um exemplo do tipo de "confusão que se acha inteligente" que precisamos refutar:
Quando alguém de fora da bolha otaku ou shōjo tenta analisar um fenômeno como Rosa de Versalhes — uma obra-prima que mistura drama, romance e história — usando lentes rasas, o resultado é a "confusão que acha que é espirituosa" que mencionamos no início do texto.
A colunista em questão erra absurdamente ao ignorar o contexto histórico e o impacto cultural da obra de Riyoko Ikeda. O que ela (e outros "especialistas de animes") vê como "apenas um desenho", é, na verdade, um trabalho complexo:
1.Um Marco do Gênero e do Subtexto Queer: Rosa de Versalhes subverteu papéis de gênero de maneiras revolucionárias para a época (início dos anos 70). A complexidade da identidade de Oscar não é um detalhe, é a espinha dorsal da narrativa e um elemento fundamental para a sua relevância até hoje.
2.Educação Histórica e Política: A obra usa a Revolução Francesa como pano de fundo não só para o romance, mas para explorar temas de classe social, injustiça e o colapso de um sistema opressor. É um drama histórico sério.
3.Complexidade Emocional, Não Apenas Sofrimento Gratuito: A obra aborda a complexidade das relações humanas, sacrifícios e o peso das escolhas em tempos de guerra. Não é sofrimento pelo sofrimento; é drama histórico profundo que formou o caráter de gerações de fãs.
A "síndrome do especialista de animes" usa lentes limitadas e superficiais, subestimando a inteligência do público e a profundidade dos criadores. A obra de Ikeda merece ser defendida contra essa ignorância, pois ela é, sim, um clássico que resiste ao tempo com uma complexidade que poucos animes ou mangás alcançam.
Espero que tenham gostado! Daqui a pouco tem mais.


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Lady Oscar diz..
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