Olá, queridos amigos da Lady Oscar, sejam Bem Vindos!
Hoje celebramos o aniversário de nascimento de Maria Antonieta, a icônica arquiduquesa da Áustria e a última rainha consorte da França. Nascida em Viena em 2 de novembro de 1755, se estivesse viva hoje, ela estaria completando 270 anos!
Filha da poderosa imperatriz Maria Teresa da Áustria e do imperador Francisco I, a trajetória de Maria Antonieta foi marcada pelo luxo, controvérsias e, finalmente, pela tragédia da Revolução Francesa.
Mais do que uma figura histórica, ela é uma das protagonistas do aclamado mangá e anime Rosa de Versalhes (ベルサイユのばら), de Riyoko Ikeda. A obra não apenas popularizou sua história, mas também a transformou em um ícone da cultura pop global.
Portanto, para celebrar esta data, preparamos um post especial com algumas curiosidades sobre a vida e o legado da trágica rainha da França! A imagem abaixo, que ilustra perfeitamente essa conexão entre história e arte, veio da conta oficial do filme de Rosa de Versalhes  Verbara_Movie.
A infância de Maria Antonieta: de arquiduquesa mimada a rainha da França
A imagem da arquiduquesa Maria Antonieta aos sete anos, pintada por Martin van Meytens, revela o início de uma vida que, mais tarde, se tornaria um dos capítulos mais fascinantes e trágicos da história. Nascida no Palácio Imperial de Hofburg, em 2 de novembro de 1755, ela foi batizada como Maria Antônia Josefa Joana, mas era carinhosamente chamada de "Antoine" por sua família e na corte.
A caçula de dezesseis filhos da poderosa imperatriz Maria Teresa da Áustria e do imperador Francisco I, Maria Antonieta teve uma infância bastante despreocupada. Mimada por sua governanta, a condessa Brandeiss, ela foi descrita como uma criança espontânea, embora seus estudos não fossem sua prioridade. Tanto que, aos 12 anos, ela ainda tinha dificuldades com o francês e o alemão! Curiosamente, a jovem já mostrava seu talento para a arte, aprendendo a tocar harpa com o famoso compositor Christoph Willibald Gluck e destacando-se na dança.
O falecimento súbito de seu pai, o imperador Francisco I, em 1765, trouxe uma mudança radical. A imperatriz, tomada por um luto profundo, tornou-se extremamente rigorosa com os filhos, preparando-os para o grande jogo político da Europa.
O casamento que selou seu destino
A vida de Maria Antonieta foi, desde cedo, um peão no tabuleiro político. Para fortalecer uma aliança crucial com a França, sua mãe a "prometeu" ao futuro rei Luís Augusto, o delfim de França. Aos 14 anos, a jovem arquiduquesa recebeu a missão de se preparar para se tornar uma rainha.
O abade de Vermond foi enviado a Viena para ser seu tutor, focado em transformá-la em uma dama culta e educada. Após meses de intenso estudo em história e literatura, a jovem, embora preguiçosa, encantou a todos com sua inteligência.
Em 19 de abril de 1770, o casamento foi oficialmente anunciado. A partir desse momento, a doce "Antoine" se tornava a "Marie Antoinette, Dauphine de France", embarcando em uma jornada que a levaria de Viena a Versalhes, de uma infância mimada a um destino inesquecível.
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| Maria Antonieta  tocando Harpa na corte de francesa. | 
De Viena a Versalhes: a chegada de Maria Antonieta à corte francesa
A despedida foi solene e definitiva. Em 21 de abril de 1770, em um suntuoso cortejo de cinquenta e sete carruagens, a arquiduquesa Maria Antonieta deixou Viena para não mais voltar. Em sua partida, sua mãe, a Imperatriz Maria Teresa, lhe deu uma ordem peculiar: "Continue sendo uma boa alemã". Uma instrução que ia na contramão de tudo que se esperava de uma futura rainha da França, que deveria ser francesa de corpo e alma. Nos anos seguintes, a imperatriz faria questão de manter o controle, lembrando à filha de sua lealdade à Casa d'Áustria através de cartas mensais intimidadoras.
Após duas semanas de viagem, a delfina chegou à fronteira em uma ilha no Rio Reno. Ali, em um pavilhão especialmente construído, aconteceu a cerimônia da remise, um ritual simbólico onde ela trocou suas roupas austríacas pelas francesas. Despedindo-se de seu séquito vienense, Maria Antonieta foi recebida por um novo grupo francês, liderado pela Condessa de Noailles. A transformação em "Madame la Dauphine" estava completa.
O encontro que não era conto de fadas
Em Compiègne, a delfina finalmente encontrou a corte francesa e seu futuro marido, o Delfim Luís Augusto. A cena parecia promissora, mas a realidade se mostrou diferente dos retratos de casamento. Luís Augusto era desajeitado e robusto, bem distante do jovem idealizado que lhe havia sido apresentado na Áustria. Apesar do deslumbramento com a corte, a desilusão do primeiro encontro foi inevitável.
Em 16 de maio, a celebração do casamento em Versalhes foi um evento grandioso para toda a França. A noite, no entanto, marcou o início de uma longa e frustrante espera. A cerimônia do coucher, presenciada por toda a corte, confirmou a não consumação do casamento.
Uma estrangeira na corte dos espiões
A jovem delfina se viu rapidamente em uma teia de intrigas. O ódio por tudo que vinha da Áustria era latente na corte, alimentado pelas tias de Luís Augusto (as Mesdames Tantes), que a apelidaram cruelmente de "A Austríaca". O próprio Luís Augusto, influenciado por seu tutor e por um preconceito enraizado, via a jovem esposa com desconfiança e repulsa.
A queda do ministro Choiseul, defensor da aliança franco-austríaca, em dezembro de 1770, a deixou ainda mais isolada. Para complicar, sua própria mãe, a Imperatriz Maria Teresa, mantinha espiões em Versalhes – o embaixador Mercy-Argenteau e o abade Vermond – que a traíam com relatórios detalhados. A jovem rainha, ainda inocente, confiava neles para se comunicar com a mãe, sem saber que eles eram os primeiros a trair seus segredos.
Enquanto a corte especulava sobre a não consumação do casamento, a vida de Maria Antonieta em Versalhes já era um palco de desconfianças e dificuldades.
Conspirações, Escândalos e a Coroa: Maria Antonieta, a Rainha aos 18
Meses de silêncio e frustração se arrastaram em Versalhes. A imperatriz Maria Teresa, do outro lado do continente, bombardeava a filha com cartas cruéis, criticando sua incapacidade de despertar a paixão do marido e de promover os interesses da Áustria. A jovem delfina era chamada de "fracassada", especialmente quando seus cunhados se casaram e consumaram seus matrimônios sem problemas.
Apesar da pressão, Maria Antonieta, seguindo os conselhos maternos, conquistou a simpatia do delfim, que chegou a confidenciar às tias que a achava "muito atraente". Mas o amor ainda estava longe.
A Batalha Silenciosa Contra Madame Du Barry
O grande conflito da corte era com Madame du Barry, a amante do Rei Luís XV, responsabilizada pela queda do ministro Choiseul. As tias do delfim incentivaram o jovem casal a desprezar a favorita real. Maria Antonieta tomou a decisão ousada de não dirigir a palavra à Du Barry, desafiando inclusive as ordens diretas de sua mãe, que temia a crise diplomática.
Essa postura enfureceu Maria Teresa, que enviou uma severa repreensão à filha. Após sete meses de um tenso silêncio, Maria Antonieta capitulou de forma minimalista em 1º de janeiro de 1772, dirigindo apenas uma frase à amante do rei: "Há muitas pessoas em Versalhes hoje". Uma humilhação pública que marcou o orgulho da futura rainha.
O Trono e um Destino Incerto
Em 1773, uma multidão entusiasmada saudou a entrada oficial do casal herdeiro em Paris. Naquela noite, Luís Augusto tentou novamente consumar o casamento, mas foi incapaz de completar o ato. O casal tentou manter as aparências, mas a intimidade permanecia um tabu.
Na primavera de 1774, Maria Antonieta encontrou refúgio na arte, trazendo seu antigo professor Gluck para encenar sua ópera. O evento foi um sucesso e mostrou o lado anfitrião da delfina.
Poucos dias depois, o Rei Luís XV adoeceu gravemente com varíola e morreu em 10 de maio de 1774. Com apenas 18 anos, Maria Antonieta tornou-se Rainha da França. A notícia trouxe um misto de emoção e apreensão. Sua mãe, a Imperatriz, enviou uma mensagem profética ao embaixador Mercy: "O destino de minha filha não pode ser grandioso nem muito infeliz. Creio que seus melhores dias se foram!"

Os Primeiros Anos da Rainha: Frivolidade, Escândalos e a Pressão por um Herdeiro
Ao chegar à corte francesa, Maria Antonieta, a altiva arquiduquesa da Áustria, logo se viu afastada da antiga nobreza. Seu comportamento, e a falta de respeito que sentia por ela, geraram um atrito que rapidamente se transformou em críticas. Sua popularidade começou a declinar, e panfletos escandalosos – muitos deles pornográficos – passaram a circular, lhe rendendo o apelido de "Madame Scandale".
A rainha também foi acusada de influenciar a política de seu marido, Luís XVI, embora os ministros escolhidos por ele, Maurepas e o conde de Vergennes, fossem abertamente contra a Áustria e evitassem a todo custo a interferência da rainha.
Uma Mulher Inquieta em Busca de Prazer
Na sua vida pessoal, Maria Antonieta vivia uma grande insatisfação. O casamento não havia sido consumado, e a pressão por um herdeiro ao trono era imensa, gerando uma melancolia que ela escondia por trás de uma fachada de frivolidade e alegria. Para preencher esse vazio, a rainha se entregava a divertimentos dispendiosos, como os extravagantes vestidos de Rose Bertin, os colossais penteados de Léonard e o jogo de azar.
Em 1775, uma crise econômica conhecida como a "Guerra da Farinha" gerou motins por toda a França. Foi nesse período que a famosa frase "Se o povo não tem pão, que coma brioches!" foi falsamente atribuída a ela, aumentando ainda mais a insatisfação popular.
Amizades na Corte e o Escândalo da Impotência do Rei
No verão de 1775, Maria Antonieta conheceu Yolande de Polastron, Duquesa de Polignac, que se tornou sua melhor amiga. Essa amizade elevou a família Polignac a uma posição de grande influência na corte. Quando sua cunhada, Maria Teresa, deu à luz um filho, consolidando a linha de sucessão, Maria Antonieta foi publicamente insultada, o que gerou a circulação de novos panfletos. Esses textos destacavam a suposta impotência do rei e a busca da rainha por prazer sexual fora do casamento, com homens e mulheres, incluindo sua amiga, a Princesa de Lamballe, e seu cunhado, o Conde de Artésia.
O Papel de Irmão e a Consumação do Casamento
O imperador José II, preocupado com a situação da irmã e a falta de um herdeiro, viajou a Paris em 1777. Ele conversou com ambos os monarcas para entender o problema, que era a incapacidade do rei de consumar o casamento, possivelmente devido à falta de prazer em vez de um problema físico. José II concluiu que tanto Luís XVI quanto Maria Antonieta eram "dois perfeitos confusos".
Após essa visita, o imperador aconselhou a irmã a adotar um estilo de vida mais sério. Maria Antonieta aceitou a crítica e se reaproximou do marido. Finalmente, em 18 de agosto de 1777, o casamento foi oficialmente consumado.
A "Austríaca": Conspirações, Maternidade e a Construção do Ódio
A vida de Maria Antonieta na corte francesa foi um equilíbrio tênue entre dever real e intrigas pessoais. A cada passo, a rainha enfrentava a crescente hostilidade do povo e da nobreza, que viam nela uma espiã estrangeira e uma gastadora compulsiva.
A Guerra e o Apelido "A Austríaca"
No início de 1778, a Guerra de Sucessão da Baviera colocou a França em uma situação delicada. Pressionada pela mãe e manipulada pelo embaixador austríaco Mercy, Maria Antonieta tentou influenciar Luís XVI a favor da Áustria. A tentativa foi inútil, mas o suficiente para despertar a oposição dos ministros do rei e a desconfiança dos súditos, que passaram a chamá-la de forma pejorativa de "A Austríaca".
O Nascimento de um Herdeiro e o Refúgio no Petit Trianon
Apesar da turbulência política, a rainha engravidou. Em 19 de dezembro de 1778, ela deu à luz uma menina, Maria Teresa Carlota. O parto, assistido por toda a corte conforme a etiqueta, foi complicado e traumático para a rainha.
Buscando refúgio da sufocante etiqueta de Versalhes, Maria Antonieta concluiu a restauração do Petit Trianon. Lá, ela tentou viver uma vida mais privada, longe dos olhares da corte. Sua amizade íntima com a Duquesa de Polignac se aprofundou, levantando rumores de um relacionamento homossexual. Mais grave ainda, a rainha concedeu privilégios e altos cargos à amiga e sua comitiva, o que gerou grande revolta em uma época de crise financeira.
Perdas, Novos Nascimentos e a Vila da Rainha
A morte da Imperatriz Maria Teresa em 1780 abalou profundamente Maria Antonieta, que se reaproximou do marido. Em 1781, para a alegria de toda a nação, nasceu o tão esperado herdeiro: Luís José, o Delfim da França. Embora o nascimento tenha sido celebrado, panfletos satíricos questionavam a paternidade da criança, minando ainda mais a reputação da rainha.
Em 1782, a rainha iniciou a construção do Hameau de la Reine (Vila da Rainha), uma vila rústica onde ela e sua corte podiam brincar de camponeses. Essa busca por uma vida "simples" foi vista como um escândalo e um desperdício para uma rainha.
Ainda tentando apaziguar os interesses austríacos, Maria Antonieta continuou a intervir na política. Embora o rei tentasse evitar conflitos, a percepção pública era que a rainha controlava a França para beneficiar sua terra natal. Em 1785, o nascimento de seu terceiro filho, Luís Carlos, coincidiu com a controversa compra do Castelo de Saint-Cloud como propriedade privada da rainha, gerando ainda mais ódio popular.
A essa altura, Maria Antonieta era odiada tanto pelo povo quanto pela maior parte da corte.
Em resumo:
Os primeiros anos de Maria Antonieta como rainha da França foram marcados por escândalos e crescentes tensões. Apelidada de "A Austríaca" por tentar, sem sucesso, promover os interesses de sua terra natal, ela buscou refúgio das pressões da corte no Petit Trianon e na construção de sua vila campestre (Hameau de la Reine).
Sua vida privada extravagante, a promoção de amigos controversos (como a Duquesa de Polignac) a altos cargos, e a compra de propriedades como Saint-Cloud em seu nome privado, geraram grande ressentimento.
Apesar de dar à luz o herdeiro esperado, o Delfim Luís José, em 1781, a reputação da rainha estava arruinada. Panfletos difamatórios questionavam a paternidade de seus filhos e sua moralidade. Cada ação sua era vista como um desperdício ou uma traição, preparando o terreno para a revolução que se aproximava.
Maria Antonieta em A Rosa de Versalhes:
O manga e anime A Rosa de Versalhes (1972) retrata a figura histórica de Maria Antonieta com um foco na sua juventude, frivolidade e eventual tragédia, embora a personagem principal da obra seja a fictícia Lady Oscar François de Jarjayes. A trama entrelaça a vida da rainha com a de Oscar, comandante da Guarda Real e sua protetora, e com o Conde Axel von Fersen, amante de Maria Antonieta. A obra destaca os eventos que levaram à Revolução Francesa sob a perspectiva das duas mulheres.
A juventude e a imprudência de Maria Antonieta
Uma menina despreparada: Na obra, Maria Antonieta é mostrada como uma jovem imatura e irresponsável, que prefere brincar a estudar. Ela não compreendia plenamente o papel de rainha que assumiria na França, e sua mãe, a Imperatriz Maria Teresa da Áustria, age como a voz da razão na história, tentando alertá-la sobre a necessidade de agir de forma mais madura.
A chegada a Versalhes: Aos 14 anos, a austríaca Maria Antonieta chega à França para se casar com o futuro Luís XVI e fortalecer a aliança entre os dois países. Inicialmente, ela se opõe à amante de Luís XV, Madame Du Barry, mas acaba sendo manipulada por ela.
O affair com Fersen: Maria Antonieta se apaixona por Fersen, e o romance causa escândalo na corte.
 A história retrata o caso como um dos motivos para a crescente impopularidade da rainha. Fersen chega a se afastar da França a conselho de Oscar para proteger a imagem da monarca.
Gastos extravagantes: Para lidar com a solidão após a partida de Fersen, a rainha se entrega a gastos excessivos com joias e roupas. Seu comportamento alimenta a insatisfação popular e contribui para a crise financeira da França, que já estava em má situação após a guerra de independência dos Estados Unidos.
O Caso do Colar: O escândalo do colar de diamantes, uma das manchas mais duradouras na reputação de Maria Antonieta, é também explorado na obra. Embora não tenha sido culpada, o evento piora a imagem da rainha perante o público.:
A tragédia e o destino de Maria Antonieta
Incerteza e tragédia: Com o avanço da Revolução Francesa, Maria Antonieta se torna uma figura trágica, enfrentando a hostilidade popular. Ela morre na guilhotina.
Inacurácias históricas: Embora a obra use eventos e figuras reais, ela incorpora elementos de ficção, como a personagem de Lady Oscar. Alguns eventos, como a relação entre Maria Antonieta e Fersen, são apresentados como fatos, quando na verdade são rumores da época. A amizade de Oscar e Maria Antonieta na obra ocupa o lugar da Princesa de Lamballe, amiga real da rainha.
Sensibilidade shoujo: 
O manga de Riyoko Ikeda é considerado um marco no gênero shoujo (para jovens mulheres) por sua abordagem histórica e temas de empoderamento feminino. O tratamento dado a Maria Antonieta reflete a sensibilidade do gênero, humanizando a rainha e mostrando seu lado mais vulnerável e solitário. O drama e as relações interpessoais ganham mais destaque que a precisão histórica rígida..
Loira ou Ruiva? Qual era a cor dos cabelos de Maria Antonieta?
No imaginário popular e em muitas representações modernas, Maria Antonieta é frequentemente vista como uma loira platinada. A criadora de A Rosa de Versalhes, Riyoko Ikeda, por exemplo, a desenhou com longas madeixas douradas, uma imagem que se solidificou para muitos fãs. Mas a realidade histórica é um pouco diferente e adiciona uma camada interessante às rivalidades da corte francesa.
A Verdadeira Cor: Ruiva ou Loiro-Avermelhado?
Registros históricos e retratos da época indicam que Maria Antonieta tinha, na verdade, cabelos que variavam entre o loiro-avermelhado e o ruivo claro (ou "veneziano"). Não era um ruivo intenso, mas uma tonalidade quente e distinta.
Essa característica capilar, incomum na corte francesa da época, foi inclusive usada como forma de insulto. Sua grande rival, Madame du Barry, a influente amante do Rei Luís XV, teria apelidado a jovem Delfina de "la petite rousse" (a pequena ruiva). 
O Contraste nas Representações Culturais
A Rosa de Versalhes capta essa dinâmica de rivalidade, mesmo mantendo a rainha loira no visual do anime e do mangá. Em várias cenas da adaptação animada, a Condessa du Barry provoca a protagonista, referindo-se a ela como "a ruiva", apesar da cor do cabelo desenhado ser loiro. Esse é um exemplo de como a obra de Ikeda incorpora fatos históricos (o apelido e a rivalidade) mesmo fazendo concessões estéticas (a cor do cabelo).
A Moda das Perucas e o Cabelo Natural
É importante lembrar que, durante o século XVIII, a moda ditava o uso constante de perucas empoadas de branco ou cinza-claro. Portanto, a cor natural do cabelo de Maria Antonieta raramente era vista em público ou em retratos oficiais.
Ainda assim, essa pequena curiosidade sobre seus cabelos ruivos nos lembra que, por trás da imagem icônica da rainha de Versalhes, havia uma pessoa real, cujas características físicas eram, inclusive, objeto de fofoca e intriga na corte mais luxuosa da Europa.
O Mito do Brioche: Quem realmente disse a famosa frase?
A frase "Qu'ils mangent de la brioche" ("Deixem-os comer brioches", em tradução livre) é, talvez, a citação mais infame atribuída a Maria Antonieta, símbolo de sua suposta indiferença perante a fome do povo francês. A anedota, que ganhou força durante a Revolução Francesa, pintou a imagem de uma rainha frívola e desconectada da realidade de seus súditos.
Entretanto, a verdade histórica é que Maria Antonieta jamais proferiu tal frase.
A Origem Real da Citação 
Historiadores concordam que a citação é muito mais antiga do que a época de Maria Antonieta. A versão mais provável aponta para Maria Teresa da Espanha, que se casou com Luís XIV (o "Rei Sol") no século anterior. A ela é atribuída uma frase similar: "Se não têm pão, que comam patê".
A citação exata sobre os "brioches" aparece pela primeira vez nas Confissões de Jean-Jacques Rousseau, escritas entre 1765 e 1770, quando Maria Antonieta tinha apenas entre 9 e 14 anos de idade e nem sequer estava na França. Rousseau escreveu: "Enfim, lembrei-me do expediente de uma grande princesa a quem haviam dito que os camponeses não tinham pão, e que respondeu: 'Ora, que comam brioche.'" O próprio Rousseau não nomeia a princesa, mas o boato foi posteriormente, e convenientemente, anexado à figura da impopular rainha austríaca.
A Verdadeira Face de Maria Antonieta
Longe da imagem de tirana insensível que a frase sugere, Maria Antonieta era, de fato, conhecida por sua generosidade e caridade. Ela frequentemente auxiliava os desvalidos, fazia contribuições financeiras e distribuía materiais para os pobres, especialmente nos períodos de maior escassez.
Por exemplo, durante a "Guerra da Farinha", em 1775, um período de motins causados pela escassez de pão, a rainha expressou grande preocupação com o sofrimento do povo, segundo relatos da época.
A atribuição da frase a Maria Antonieta foi, em grande parte, um instrumento de propaganda política. O boato serviu para inflamar o ódio popular contra a monarquia e solidificar a imagem de uma rainha insensível, contribuindo para o clima que levaria à Revolução Francesa.
 
O Refúgio no Petit Trianon: Liberdade e Diferenças Conjugais
Maria Antonieta encontrou no Petit Trianon um refúgio muito necessário das rígidas regras e da publicidade sufocante da corte de Versalhes. Embora o texto original sugira um afastamento físico do marido, a realidade é mais complexa: o palacete era um espaço de privacidade onde ela buscava ser ela mesma, e não um local de separação conjugal.
Um Presente Real, Um Mundo à Parte
O Petit Trianon, um elegante anexo próximo ao Palácio de Versalhes, foi um presente do Rei Luís XVI à sua esposa. A reforma do local, que ela decorou com seu gosto pessoal neoclássico e simples, permitiu que a rainha vivesse com mais liberdade, longe dos olhares da nobreza e das obrigações formais da realeza.
Neste ambiente, a rainha podia ditar suas próprias regras, limitando até mesmo a entrada de cortesãos (com exceção de seu círculo íntimo de amigos, como a Duquesa de Polignac).
Personalidades Opostas e o Círculo de Zweig e Ikeda
A biografia Maria Antonieta: Retrato de uma Mulher Comum, de Stefan Zweig — obra fundamental que inspirou Riyoko Ikeda a criar A Rosa de Versalhes — destaca o contraste gritante entre as personalidades do casal real:
Maria Antonieta era extrovertida, amava a dança, a música e a diversão, organizando festas, peças de teatro amadoras e saraus em seu domínio privado.
Luís XVI, por outro lado, era um homem reservado, introspectivo, que preferia a leitura, a caça e uma rotina tranquila, geralmente indo dormir cedo.
Embora tivessem temperamentos muito diferentes, o Petit Trianon não representou um rompimento do casamento, mas sim um espaço onde as preferências pessoais da rainha podiam florescer sem a constante censura da corte. Eles mantinham sua vida conjugal e seus deveres de Estado, mas o palacete de Maria Antonieta simbolizava um mundo à parte, onde a etiqueta era substituída pela informalidade e pela busca por uma vida mais simples, ainda que luxuosa.
Tem uma pequena 
resenha qui no blog, do livro de 
Zweig, para quem quisr dar uma olhada, basta clicar no link.
 
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Petit Trianon
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O Romance com Axel von Fersen:
A natureza exata da relação entre Maria Antonieta e o belo e leal conde sueco Hans Axel von Fersen permanece um tema de especulação histórica, embora evidências recentes apontem para um caso amoroso profundo e mútuo. 
Início da Relação: Eles se conheceram em 1774, quando Maria Antonieta ainda era delfina. A atração mútua foi instantânea, e Fersen logo se tornou parte do círculo íntimo da rainha.
Afeição Profunda: Embora a corte fosse cheia de rumores, a correspondência secreta do casal fornece a melhor prova de seu apego. Em cartas, Fersen escreve sobre seu amor por ela e sua decisão de nunca se casar, pois não poderia ficar com a única pessoa que amava.
Cartas Decifradas: Em 2021, pesquisadores usaram novas tecnologias para decifrar trechos censurados (apagados por Fersen) de suas cartas, revelando uma linguagem íntima e apaixonada, indicando que a relação era mais do que platônica.
Lealdade Inabalável: Fersen permaneceu fiel a Maria Antonieta mesmo quando a maioria de seus amigos fugiu. Ele foi o principal organizador da fracassada fuga da família real para Varennes em 1791 e tentou desesperadamente obter ajuda estrangeira para salvá-la da execução. 
As "Fake News" da Época: Os Libelles
A reputação de Maria Antonieta foi sistematicamente destruída por uma campanha de desinformação e propaganda política. Os libelles eram panfletos e jornais clandestinos, muitas vezes pornográficos e difamatórios, que circulavam em Paris e Versalhes, atacando a rainha com mentiras e exageros. 
As principais "fake news" disseminadas incluíam:
"Madame Déficit": A rainha foi acusada de ser a única responsável pela crise financeira da França devido aos seus gastos extravagantes com moda, joias e o Petit Trianon. Embora ela fosse de fato perdulária, a França já estava profundamente endividada por guerras anteriores (como a Guerra dos Sete Anos e a ajuda na Revolução Americana) e um sistema tributário falido.
A Frase do Brioche: A infame citação "Se não têm pão, que comam brioches" foi falsamente atribuída a ela para ilustrar sua suposta insensibilidade. A frase, no entanto, já existia em escritos de Rousseau anos antes de Maria Antonieta chegar à França.
Difamação e Acusações: Os libelles a descreviam de forma extremamente negativa, com histórias ultrajantes criadas para minar a imagem da monarquia.
O Caso do Colar de Diamantes: Embora inocente, Maria Antonieta foi publicamente implicada em um grande esquema de fraude para adquirir um colar caríssimo. Sua absolvição no tribunal não impediu que o público acreditasse em sua culpa, solidificando sua reputação de excessos. 
Essa enxurrada de desinformação transformou Maria Antonieta na figura mais odiada da França, preparando o terreno para sua trágica execução na guilhotina em 1793.
Maria Antonieta permanece uma das figuras mais polarizadoras e incompreendidas da história. Vítima tanto de suas próprias falhas de julgamento quanto de uma campanha de propaganda política brutal, sua vida ilustra perfeitamente como a imagem pública pode superar a realidade histórica. Seu legado continua a ser debatido, oscilando entre a rainha mártir e o símbolo de uma aristocracia decadente. Se a rainha da França ainda vivesse hoje, estaria completando a impressionante idade de 270 anos, nascida em 2 de novembro de 1755. A longevidade da sua história, das intrigas de Versalhes às teorias sobre seu romance com Fersen, garante que sua memória esteja sempre viva.
 Finalizo o especial de Maria Antonieta, com um vídeo com um clipe da cantora Madona inspirado  na Rainha que encontrei no Youtube .
 
 
Espero que tenham gostado
Um ótimo domingo e uma excelente semana a todos vocês, amigos da Lady Oscar.
ady Oscar diz... Obrigada por sua visita! Volte sempre que quiser.
 
 
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Lady Oscar diz..
Olá,meus queridos amigos, Obrigada por sua visita.
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2. A curta experiência com os anônimos deu alguns problemas.
3. Peço desculpas aos bem intencionados.
2. Todos os comentários são moderados.
3. A responsável pelo blog Lady Oscar se permite o direito de aprova-los, ou, não.
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