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segunda-feira, 3 de novembro de 2025

Vamos falar mais um pouco sobre Maria Antonieta? A Rainha que Virou Ícone Pop no Japão.

 

Olá, queridos amigos da Lady Oscar, sejam Bem Vindos!





Ontem, dia 2 de novembro, se estivesse viva, Maria Antonieta teria completado 270 anos. Nascida em Viena em 1755, a arquiduquesa austríaca que se tornou Rainha da França permanece, séculos após sua morte na guilhotina, uma das figuras mais polarizadoras e fascinantes da história. A pergunta que persiste é: Maria Antonieta foi uma rainha má ou uma vítima das circunstâncias que a cercavam? A resposta, complexa e multifacetada, encontra nuances tanto nos registros históricos quanto nas representações culturais que moldaram sua imagem ao redor do mundo, incluindo o Japão, através da influente obra de Riyoko Ikeda A Rosa de Versalhes ベルサイユのばら).


Maria Antonieta ao lado de Oscar. Mangá A Rosa de Versalhes 1972.



A Realidade Histórica: Luxo, Desconhecimento e um Fardo Imenso

Aos 14 anos, Maria Antonieta foi enviada para a França como parte de um acordo político para selar a aliança entre os Habsburgos e os Bourbons, casando-se com o Delfim, o futuro Luís XVI. Criada em uma corte mais descontraída, ela se viu mergulhada no rígido e complexo cerimonial de Versalhes, para o qual não estava preparada.

Sua imagem pública foi rapidamente manchada por sua aversão aos estudos e, principalmente, por seus gastos extravagantes em moda, joias e festas, em um período de profunda crise econômica e social na França. Frases infames, como o apócrifo "Se não têm pão, que comam brioches" (uma citação que, na verdade, já circulava em Paris antes de sua chegada), cristalizaram a imagem de uma rainha alheia à miséria do povo.


A realidade histórica sugere que Maria Antonieta era, em grande parte, produto de um sistema falido. Ela era uma estrangeira, vista com desconfiança (muitos a acusavam de enviar dinheiro para a Áustria), e um "peão" nas maquinações políticas de sua mãe, a Imperatriz Maria Teresa. Seu marido, Luís XVI, não tinha a força ou a capacidade de liderar em meio à crescente agitação revolucionária. A rainha tornou-se o bode expiatório perfeito para a ira popular contra a monarquia absolutista e sua decadência. No entanto, ela também demonstrou dignidade e coragem inabaláveis durante seu julgamento e execução na guilhotina em 1793.

O Olhar Japonês: A Rosa de Versalhes e a Humanização da Rainha

A percepção de Maria Antonieta no Japão é notavelmente diferente, muito graças à obra-prima de Riyoko Ikeda, o mangá A Rosa de Versalhes (Berusaiyu no Bara), lançado no início dos anos 70.

Ikeda revisitou os últimos anos da monarquia francesa, criando uma narrativa que mistura fatos históricos com personagens fictícios cativantes, como Lady Oscar François de Jarjayes, uma mulher criada como homem e líder da Guarda Real, e André Grandier. O mangá e o anime subsequente foram pioneiros no gênero shoujo (mangá para meninas) histórico e tiveram um impacto cultural imenso.



A influência da obra foi profunda:

Humanização de Antonieta: Ao invés de ser a vilã frívola dos relatos populares, Ikeda retratou Maria Antonieta como uma figura mais complexa, muitas vezes solitária, ingênua e, finalmente, trágica, que se vê presa nas engrenagens de um destino maior que ela. Isso gerou grande empatia e um enorme interesse pela história real da rainha no Japão.

Fidelidade histórica (com licenças poéticas): Embora tenha personagens fictícios, a trama de Ikeda é notavelmente fiel aos principais eventos e datas da Revolução Francesa. Isso incentivou os leitores a buscarem a fundo a história por trás da ficção.

Fascínio pela cultura francesa: A riqueza visual do mangá, com seus detalhes em vestimentas e arquitetura rococó, despertou um fascínio duradouro pela França do século XVIII entre o público japonês.



Ikeda revisitou os últimos anos da monarquia francesa, criando uma narrativa que mistura fatos históricos com personagens fictícios cativantes, como Lady Oscar François de Jarjayes, uma mulher criada como homem e líder da Guarda Real, e André Grandier. O mangá e o anime subsequente foram pioneiros no gênero shoujo (mangá para meninas) histórico e tiveram um impacto cultural imenso. 

A influência da obra foi profunda, criando um verdadeiro "boom" (fenômeno social) em torno da Revolução Francesa e da figura da rainha. O sucesso de Ikeda inspirou diretamente outros autores a criarem seus próprios mangás históricos, não apenas sobre Maria Antonieta, mas sobre figuras e períodos europeus diversos. Um exemplo notável é Soryou Fuyumi, que mais tarde criou seu próprio mangá biográfico e detalhado sobre a juventude da rainha, intitulado Marie-Antoinette – La jeunesse d'une reine. Esse fascínio coletivo, desencadeado pela Rosa de Versalhes, transformou a história francesa em um tema recorrente e popular na cultura pop japonesa. 



Humanização de Antonieta: Ao invés de ser a vilã frívola dos relatos populares, Ikeda retratou Maria Antonieta como uma figura mais complexa, muitas vezes solitária, ingênua e, finalmente, trágica, que se vê presa nas engrenagens de um destino maior que ela. Isso gerou grande empatia e um enorme interesse pela história real da rainha no Japão.

Fidelidade histórica (com licenças poéticas): Embora tenha personagens fictícios, a trama de Ikeda é notavelmente fiel aos principais eventos e datas da Revolução Francesa. Isso incentivou os leitores a buscarem a fundo a história por trás da ficção.

Fascínio pela cultura francesa: A riqueza visual do mangá, com seus detalhes em vestimentas e arquitetura rococó, despertou um fascínio duradouro pela França do século XVIII entre o público japonês. 



Conclusão: Um Mosaico de Percepções

Responder se Maria Antonieta foi uma rainha má ou uma vítima é olhar para um mosaico. Historicamente, ela foi uma figura despreparada para os desafios de seu tempo, cujas falhas (em grande parte devido à sua criação e ao sistema) foram exploradas para justificar uma revolução necessária. Ela foi, sem dúvida, uma vítima das circunstâncias que culminaram em sua execução.

No entanto, a duradoura imagem de "rainha má" persistiu por séculos, até que a cultura pop, na forma da visão sensível e historicamente fundamentada de Riyoko Ikeda, ofereceu uma nova perspectiva. A Rosa de Versalhes não apenas criou um fenômeno cultural no Japão, mas também resgatou a humanidade de Maria Antonieta, mostrando-a como uma mulher complexa cujo cujo destino trágico continua a ressoar.


Em retrospecto, a figura de Maria Antonieta desafia rótulos simples. Ela não foi nem uma santa mártir nem uma tirana cruel, mas sim um ser humano complexo, tragicamente inadequado para a tempestade revolucionária em que se encontrava. A história a pintou como a encarnação da decadência real, mas a cultura popular, em um fascinante cruzamento de culturas entre a França do século XVIII e o Japão moderno, ofereceu uma redenção narrativa. Graças a obras como A Rosa de Versalhes, a rainha que outrora personificou a apatia tornou-se um símbolo de um destino trágico e uma ponte entre diferentes visões históricas. Sua memória, 270 anos após seu nascimento, continua a viver, não apenas nos livros de história, mas nos corações dos fãs de mangá e em um debate que nunca termina.


Uma excelente semana a todos vocês, amigos da Lady Oscar.




ady Oscar diz... Obrigada por sua visita! Volte sempre que quiser.

 


 




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Lady Oscar diz..
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