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domingo, 21 de novembro de 2021

ENTREVISTA completa COM RIYOKO IKEDA AUTORA DE ROSA DE VERSALHES CONCEDIDA EM 2011 DURANTE O FESTIVAL DE ANGOULÊME

 Olá,queridos amigos de Lady Oscar, sejam bem vindos!

 



Algumas, pessoa, me pediram traduções das entrevistas de Riyoko Ikeda, a autora de Rosa de Versalhes (ベルサイユのばら). Muito bem, atendendo aos pedidos Hoje resolvi trazer uma das melhores e mais completas entrevistas de Riyoko Ikeda, concedida em 2011 durante o famoso festival Angoulême, publicada nesse site . Nessa entrevista, Ikeda, que nunca havia mencionado em outras entrevistas, como a chegada das mulheres no mercado dos mangás, comenta sobre as mulheres do famoso grupo 24  as famosas, autoras que revolucionou o shoujo mangá, Ikeda é uma delas, então ela fala sobre o desejo dessas artistas de se destacarem com seus mangás, em uma época que tudo era feito por homens, ela também comenta um pouco sobre Rosa de Versalhes, revela que Oscar foi inspirada em uma figura histórica real a rainha Cristina da Suécia entre outros assuntos.
 

 
 
Uma curiosidade é o entrevistador foi  Pascal Ory  ele é um historiador francês que segundo a Wikipédia, nasceu em 31 de julho de 1948. Aluno de  René Rémond, é especialista em história cultural e política e escreve sobre o fascismo desde sua dissertação de mestrado sobre os Greenshirts de Henri Dorgères. Na década de 1970, contribuiu para uma melhor definição da história cultural.
O texto original encontra-se no link acima e desde já peço desculpas por possíveis erros na tradução.

 
 
 
 
 Riyoko Ikeda, em majestade Artigo Traduzido.
 
 
 
 
 
 

Riyoko Ikeda, em majestade.



Entrevistador: Quando você era adolescente, você estava destinada a seguir carreira musical. Como se tornou desenhista?

Riyoko Ikeda: Mas eu já desenhava antes, mesmo quando eu tocava música!

Entrevistador: Quando você decidiu seguir a carreira 

Riyoko Ikeda: Eu tinha 18 anos, e fazia parte de um movimento no Japão, que criticava os pais e a sociedade. Ao mesmo tempo, eu ainda estava morando com os meus pais, e isso não tinha lógica. Então, eu decidi partir. Eu tinha que trabalhar para viver e fazer mangá era suficientemente bom para mim.

Entrevistador: E havia muitas mulheres?

Riyoko Ikeda: Não, na minha época éramos poucas. Os mangás para garotas (shoujo) eram todos escritos por homens. Eu cresci lendo todos os artistas de mangá que a minha geração leu. Então, tivemos que estabelecer uma nova forma de desenhar. Com o grupo do ano 24 da Era Showa (um grupo de mulheres mangá-kas nascidas principalmente no ano de 1949), nós tentamos fazer o mangá se tornar parte da cultura. Até então, ele era rejeitado pela sociedade, visto como um veneno para as crianças. Quando terminávamos de ler, jogávamos fora. Nós queríamos fazer obras de verdade, que pudessem ser transmitidas de geração em geração.

Entrevistador: Como eram as suas relações com as outras artistas do grupo de 24?

Riyoko Ikeda: Na verdade, nós víamos muito pouco, nos falávamos principalmente por telefone. Quando se é mangá-ka, você tem muito, muito trabalho. Eu nem sequer tinha chance de ver os desenhos animados feitos a partir dos meus trabalhos, porque já tinha que trabalhar nas séries seguintes...

Entrevistador: Como os mangá-kas homens reagiram à chegada das mulheres?

Riyoko Ikeda: No Japão, mesmo na minha época, uma mulher que trabalhava era mal vista. As mulheres trabalhavam muito pouco, de qualquer forma

Entrevistador : Sua obra foi publicada pela primeira vez na Margaret, uma revista para jovens adolescentes. Que restrições isso provocou ?

Riyoko Ikeda: Eu sempre tive que me perguntar sobre que tom abordar. Meu mangá está enraizado na História. Uma história que gira grandemente em torno das as relações entre gêneros masculino e feminino, por exemplo. Maria Antonieta e Luís XVI demoraram mais de sete anos para consumar seu casamento por causa dos problemas de fimose do rei. Isso é importante dentro da Rosa de Versalhes, mas como falar disso para um público que tem apenas 12 ou 13 anos? Além disso, a Margaret é uma revista comercial. Havia um sistema muito rígido de votação: todas as semanas, as leitoras podiam dar notas para as histórias, de 1 até 10. Se eu tivesse descido na classificação, então minha história desapareceria! Eu me perguntava constantemente: o que fazer para cativar as meninas cm 24 páginas? O que destacar? Foi assim que a personagem Oscar nasceu.

Entrevistador: Você disse que se inspirou em Stefan Sweig, para criar La Rose de Versailles…

Riyoko Ikeda: Sim, certamente. Porque antes dele eu conhecia a História Francesa da seguinte maneira : Marie Antonieta viveu no Palácio de Versalhes, ela amava o luxo, ela arruinou as finanças públicas provocando um grande déficit, ela foi decapitada. E era tudo. Quando li Stefan Zweig, eu fui tocada pela dimensão humana desta mulher. Nesse momento, vinte anos antes, eu me disse que queria fazer uma história, e guardei o título em um dos cantos da minha cabeça. Dez anos mais tarde, comecei a série em formato mangá.

Entrevistador: Por que se focou em Madame de Polignac ?

Riyoko Ikeda: Na sociedade aristocrática francesa do século XVIII, ela representa muito bem a situação dos nobres, obrigados a cortejar o Rei e a Rainha para obter seus favores. Eu mostrei muito a injustiça que caracteriza os privilégios. A história da Revolução é a dos nobres que estão desesperadas parar a roda do tempo, para que a história não possa avançar.

Entrevistdor: E a idéia do travestismo, ele tinha o sentido de provocação no Japão?

Riyoko Ikeda: Existem dois pontos de vista: um europeu, um japonês. Nós, quando falamos de Joana d'Arc, nós a vemos como uma travesti. Ela é uma mulher que se veste de homem para poder lutar. Mas na Europa, foi queimada. Talvez em parte por causa de seus trajes. Isto é devido à moral e ao cristianismo. No Japão, as trupes de teatro formadas exclusivamente por homens podem interpretar uma variedade de papéis, femininos ou masculinos, o mesmo ocorre com as artistas mulheres. Havia mais liberdade. Pensei também em Cristina, Rainha da Suécia. Quando seu pai morreu, quando leram em seu testamento viram que ele desejava que sua filha fosse educada como um menino... Enfim, o personagem de Oscar deveria ter sido um homem. Eu queria mostrar um capitão das tropas reais, que em 14 de julho de 1789, mudou de lado e defendeu o povo. Mas eu tinha apenas 26 anos, eu realmente não conseguiria jamais imaginar a cena. Então eu comecei a desenhar uma mulher...

Entrevistador: Após a Revolução Francesa, que você ficou interessada por Napoleão. Um dos maiores falocratas da história, aquele que disse que as mulheres só servem para cuidar das crianças!

Riyoko Ikeda: Como homem, ele podia ser fascinante. Para desenhar A Glória de Napoleão, eu fui à França e à Europa, visitar os locais das grandes batalhas, eu pude perceber a velocidade do avanço das tropas. Sempre que venho a Paris, eu faço uma peregrinação ao Hotel des Invalides, onde seu caixão de encontra preservado ... No Japão, o Embaixador da França me deu a Legião de Honra, a medalha dos militares! Ele disse: "Foi Napoleão que vos respondeu."





 
Em minha opinião foi uma das melhores entrevistas de Riyoko Ikeda, eu achei ótima, principalmente porque que na última resposta, ela fala sobre conteúdo e publicação, ela demonstrou sensatez e maturidade exemplares; não é toda autora que tem essa preocupação com o material que está produzindo.

Espero que tenham gostado.

Lady Oscar diz... Obrigada por sua visita! Volte sempre que quiser.




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