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segunda-feira, 27 de junho de 2022

Uma rosa jamais será um lírio: a luta de Lady Oscar por uma identidade.(Artigo traduzido).

 Olá,queridos amigos da Lady Oscar, sejam bem vindos!


 Encontrei um artigo feminista e muito interessante, no site italiano, Stay Nerd, sobre Rosa de Versalhes escrito, por Alessia Trombini, publicado no dia 27 de maio desse ano. Como achei interessante, resolvi traduzir. O texto, fala sobre, o mangá Rosa de Versalhes(ベルサイユのばら) que surgiu no Japão, há 50 anos, atrás, das autoras do chamado Grupo 24 (referindo-se ao seu ano de nascimento, quase todas elas 1949, ou seja, o ano 24 da era Showa), que revolucionaram o gênero Shoujo, que antes não era bem-visto no Mercado editorial e outros assuntos do interesse das meninas, e também fãs da Lady Oscar.

 Uma rosa jamais será um lírio: a luta de Lady Oscar por uma identidade.(Artigo traduzido). 

Por: Alessia Trombini.

 

Dentro e fora das paredes de Versalhes, a revolução de Lady Oscar acontece em sua identidade.

A identidade da Lady Oscar. Rosa de Versalhes é o título original da obra de Riyoko Ikeda, muito mais evocativo e abrangente do que o título italiano, que coloca a protagonista, a querida Lady Oscar, no centro de tudo. A intenção da mangaká era realmente falar não apenas dela, mas de todas as mulheres envolvidas nas intrigas da corte e na revolução que em breve eclodiria nas ruas de Paris; no entanto, não é de todo errado ter focado, na versão italiana, a atenção em Oscar François de Jarjayes, como o exemplo supremo da luta interior travada por cada uma dessas mulheres, cada uma com a intenção de encontrar seu lugar na labiríntica Versalhes e, em simultâneo, fazer o melhor de sua capacidade, não o mesmo para todos.

Nem homem, nem mulher... ela só sabe o que não é.

Todos conhecemos a história de Lady Oscar: depois de já ter tido várias filhas, o general de Jarjayes decide criar a filha mais nova como menino, para continuar a tradição militar da família. Oscar, portanto, nasce, cresce e corre de espada na mão, com seu fiel André Grandier, que a acompanha em todos os passos para se tornar aquele ideal imposto a ela por seu pai desde o nascimento, sempre a vendo com os olhos (diferentes) de um homem que observa a mulher que ama.

Os sentimentos de Nossa Lady Oscar sobre sua própria posição, no entanto, começam a mudar no momento em que ela põe os pés na corte de Versalhes. Ao entrar em contato com a bela e um tanto ingênua Maria Antonieta e os guardas, cujo comandante ela se torna, ela a fará perceber como ela é vista aos olhos dos outros: mais fascinante do que outros homens para as nobres mulheres que estão prontas para comentar sua beleza elegante e austera, completamente desinteressadas em seu gênero; masculina demais para ser realmente considerada um possível partido, mas também feminina demais para lhe dar imediatamente o respeito devido à sua posição. Mesmo alguns, como o Conde Axel Von Fersen, não percebem a princípio que Oscar é realmente uma mulher, marcando nela o início de uma crise de identidade que só encontrará paz no final de sua história, quando tudo estará perdido antes mesmo que possa finalmente começar.

Lady Oscar permanece confusa desde o nascimento neste dualismo onde nem sequer lhe é permitido escolher o que será, pois, por um lado significaria sacrificar tudo o que ela construiu, e, por outro lado, significaria trair sua rainha, a quem ela está fortemente apegada e cuja própria condição de prisão metafórica a faz perceber, que decepcionaria as expectativas que muitos depositam nela como comandante. É a própria Maria Antonieta, então, que a acusará de insensível quando ela lhe confia seu amor por Fersen, recebendo uma censura inesperada de Oscar: Oscar, naquela ocasião, após o enorme esforço que lhe foi necessário para negar seus sentimentos por Fersen, receberá também a confirmação da mulher de quem cuida de que ela se tornou o resultado das intenções dos outros, justamente após ter lutado toda a vida para salvar uma honra feminina que sempre lhe havia sido negada e ela nunca pensou que pudesse pertencer-lhe.

 Lady Oscar, um modelo para os leitores contemporâneos

  Nos anos setenta, o mangá shoujo finalmente começou a se espalhar e seu sucesso deve-se em particular as autoras do chamado Grupo 24 (em referência aos seus anos de nascimento, quase todos de 1949 ou o ano 24 da era Showa ), entre as quais se destacam Keiko Takemiya, Moto Hagio e Riyoko Ikeda se destacam.
Essas mangakás renovaram o mangá para meninas, mergulhando nos aspectos psicológicos de seus personagens tão bonitos que parecem irreais e ainda assim muito humanos. Embora não houvesse uma real coesão do grupo, percebe-se que corpo e mente estiveram no centro da narração nas histórias desenhadas por essas autoras, que se firmaram justamente pelo forte impulso que seu trabalho deu ao movimento de emancipação das mulheres. Daqueles anos.


 

O mangá de As Rosas de Versalhes fez sua parte, como dissemos no início, ao nos mostrar não apenas Lady Oscar e sua busca interior, mas também os anseios de outras mulheres ansiosas por se libertarem do jugo que as impedia. De obter uma liberdade tão próxima quanto inatingível, da qual nossa heroína se tornou então um símbolo destemido. É por isso que são chamadas Rosas de Versalhes, pois são todas igualmente protagonistas e cada uma identificada com uma rosa de uma cor diferente: Oscar só poderia ser associado a uma rosa-branca, a cor cândida que talvez remeta à sua virgindade em vários sentidos (sexual, mas também emocional e sentimental, ainda mais do que as jovens que abordará), mas também ao seu coração imaculado e fiel à sua Rainha; isso, por outro lado, é naturalmente atribuído à rosa-vermelha, sublinhando a paixão de Maria Antonieta pelo Conde de Fersen e sua personagem dedicada ao luxo e às alegrias mais efêmeras; em vez disso, a rosa com a qual podemos identificar a doce Rosalie, que será de fato a primeira e única mulher a amar Oscar, em certo sentido, e fazê-la questionar a possibilidade de viver verdadeiramente para sempre como homem ("Se eu fosse realmente um homem, Rosalie…").

Existem outras rosas nos jardins de Versalhes, mas estas são certamente as mais importantes e Lady Oscar consegue abrir caminho entre elas tornando-se co-protagonista (quando no início ela era pouco mais do que uma personagem secundária). Isto por seu caminho ser muito mais profundo do que o de Maria Antonieta, sendo tão saudada e cuja imagem negativa é muitas vezes tentada a ser restaurada. Entretanto, quando, acontece um grande sacrifício e esforço, Oscar deixa os guardas reais e se junta à gendarmerie, é como se ela tivesse finalmente renascido, assumindo sua verdadeira identidade, uma que ela escolheu pessoalmente apesar de ter lhe custado caro.

  É assim que no final Lady Oscar se torna um modelo a seguir e de representação para aqueles que não se se encaixam na sociedade, ela deixa de querer ser a todo custo algo que nunca foi, exceto pela vontade dos outros; ainda hoje admirável, pois conseguiu transformar a "escravidão" que lhe foi imposta em ferramenta, para demonstrar a quem lê suas histórias que é possível desviar-se do caminho de um destino escrito para nós por outra pessoa, das expectativas que a sociedade sempre e ainda hoje nutre em relação às mulheres, seja sua feminilidade, sua sexualidade ou seu papel social. Para mostrar que uma rosa jamais será um lírio e que tudo bem.

Esse texto foi escrito originalmente em Italiano, peço desculpas por possíveis erros na tradução. A autora e o site estão devidamente creditados.


Enfim para quem não conhece, o maravilhoso Grupo do Ano 24 que o texto refere-se é o nome dado ao ano de 1949, ou 24 da era Showa, aproximadamente a época em que nasceu a maioria das grades artistas dessa geração. Riyoko Ikeda a autora da Rosa de Versalhes foi uma dessas grandes artistas que revolucionaram o gênero Shoujo. Portanto, o grupo 24 tornou-se famoso por contribuir fortemente para o desenvolvimento desse gênero, que antes não era nada bem-visto no mercado editorial. Portanto, o grupo 24 mudou o conceito das histórias em quadrinhos para meninas, ao abordar temas que antes eram considerados Tabus, como questões de Gênero. Enfim, eu estou escrevendo um texto, sobre o grupo 24 em breve trago para cá.
 

Espero que tenham gostado!

lady oscar identitàady Oscar diz... Obrigada por sua visita! Volte sempre que quiser.






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