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sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

Vamos falar de Lady Oscar? Comentando sobre a obra Rosa de Versalhes, sua importância e influência no mundo dos quadrinhos e animações japonesas.

Olá, queridos amigos da Lady Oscar, Sejam Bem Vindos!

Esses dias, comecei uma série de artigos recordando alguns personagens inspirados em Lady Oscar, a protagonista de Rosa de Versalhes (ベルサイユのばら), e hoje me perguntaram o que há de tão importante em Rosa de Versalhes e em sua autora, Riyoko Ikeda?  Então, resolvi abrir esse post comentando um pouco sobre a importância e influência dessa obra no Japão e na Itália. Muito bem, para que eu possa explicar a importância da obra máxima de Riyoko Ikeda, primeiramente, é preciso uma viagem no tempo, de volta aos primórdios do Shoujo Mangá, em uma época em que esses quadrinhos para meninas eram feitos por homens e totalmente desvalorizados diante do mercado editorial.





Conforme já expliquei aqui no blog, Shoujo nada mais é do que uma demografia de quadrinhos voltada para o público feminino com idades escolares. Muitos confundem essa democrafia com obras para mulheres adultas e não Shoujo ou Shōjo (少女漫画). Tem como público-alvo meninas entre 8-16 anos.  Lá no início, essas histórias costumavam sair em revistas de moda e comportamento femininas, lotadas de uma cartilha sobre como uma jovem deveria agir e se portar. Antigamente, o Shoujo mangá era desvalorizado e um tanto desprezado pelo mercado editorial, mas isso não durou por muito tempo, nos anos 1970, talentosas artistas de mangás tornaram o shoujo amado no Japão e no mundo todo. Entre os nomes dessas incríveis mulheres temos, Riyoko Ikeda, Moto Hagio, Yumiko Ōshima, Keiko Takemiya. Toshie Kihara, Ryoko Yamagishi, Minori Kimura, Nanae Sasaya e Mineko Yamada, conhecidas popularmente como o Fabuloso grupo do Ano 24 (24年組, Nijūyo-nen Gumi) o nome refere-se a uma geração de influentes mulheres artistas que revolucionaram o shoujo mangá na década de 1970.





Antes disso, a maioria dos Shoujo mangás eram feitos  por homens, mas a partir do surgimento dessas fabulosas mulheres, o shoujo mangá passou a ser feito por mulheres para as meninas. Essas grandes artistas revolucionaram ao mostrar ao mundo uma nova forma de contar histórias para meninas. Riyoko Ikeda, com seu grande talento e imaginação privilegiada para criar personagens únicos e marcantes, foi a primeira artista a apresentar um Shoujo Mangá histórico. Versailles no Bara (ベルサイユのばら, Berusaiyu no Bara) ou Rosa de Versalhes, também conhecido como Lady Oscar, foi o primeiro Shoujo Mangá histórico lançado no Japão. E nessa obra maravilhosa, o papel da protagonista não era da mocinha ingênua ou da menina do colegial que estava sempre atrasada para o colégio, não. A Heroína de Ikeda era uma mulher fazendo o trabalho de um homem.


 

 A Rosa de Versalhes começou a ser serializada em 1972, Riyoko Ikeda decidiu contar uma história  sobre a vida de Maria Antonieta e da Revolução Francesa.  A obra, a princípio, quase foi rejeitada pelos editores, pois existia uma velha crença de que obras históricas não vendiam para mulheres e crianças. Ikeda decidiu que tentaria, mesmo correndo o risco de ter sua série cancelada a qualquer momento. Mas os editores não contavam que a mente brilhante de Ikeda encantaria as meninas e Rosa de Versalhes viria se tornar um fenômeno.


 

  O impossível tornou-se possível?  Sim, contrariando todas as expectativas dos editores da Margaret (a maioria homens), Rosa de Versalhes rapidamente se tornou um sucesso. E esse sucesso não se deve à Maria Antonieta e sim à personagem que, a princípio, era secundária, Oscar François de Jarjeyes.  Tanto que no anime lançado em 1979 a protagonista não é Antonieta de forma alguma e sim Oscar. Já se passaram mais de 50 anos desde que o mangá estreou e mais de 40 desde que a adaptação clássica do anime foi ao ar. Mas a sua influência ainda é forte no mundo da animação e dos quadrinhos japoneses.


 


Em Rosa de Versalhes, Ikeda criou Oscar com quase tudo que as mulheres japonesas mais almejavam, em uma época em que a desigualdade de gênero era forte no Japão. Oscar era livre dos estereótipos passivos e negativos do sexo feminino. A heroína foi criada como um homem e, mesmo que ela abrace sua feminilidade e jamais escondeu ou negou ser mulher, Oscar aproveita o máximo do universo masculino para viver livremente, cavalgando, treinando, bebendo nas tavernas com seu amigo André, algo que ela jamais poderia fazer vivendo como uma moça da nobreza. Oscar é forte, corajoso, decidida, uma mulher capaz de exercer a função de um homem. E isso para a época foi fantástico, afinal, a mulher japonesa não almejava se libertar dos estereótipos passivos e negativos do sexo feminino.



Uma parte importante da luta de Lady Oscar em A Rosa de Versalhes foi aceitar quem ela era.  Pois tanto homens como mulheres a amavam, e qualquer pessoa que gostasse dela tinha certas expectativas em relação a ela. Alguns homens queriam que ela fosse mais feminina; algumas mulheres na corte a admiravam. Enquanto isso, Oscar teve que lidar com sua educação, seu dever e seus próprios sentimentos. Ela se apaixona por Fersen e descobre que o rapaz não tinha sentimentos amorosos por ela.


 No final, porém, há um amor pelo qual mais nos lembramos dela, o romance com seu amigo de infância André Grandier, que por quase toda a série sofreu por amar Oscar e não ser correspondido. Por outro lado, nós, os leitores, também sofríamos ao ver o rapaz perder lentamente a visão, ser lembrado quase todo o momento que é inferior a Oscar por ser pobre e não um nobre e, mesmo assim, torcemos para o rapaz ter uma chance com a heroína.



Amor além dos limites da classe, Oscar e André conquistaram os fãs de Rosa de Versalhes.


Quando ambos eram crianças, Oscar e André foram criados como irmãos e se tornaram grandes amigos. E durante uma boa parte de A Rosa de Versalhes, ele é a sombra da heroína. Mesmo sabendo que é pobre, não pertence à nobreza e vendo a moça se apaixonar por outro homem, André permanece fielmente ao seu lado. Seus sentimentos não correspondidos, mas tudo no final da série, com a chegada da revolução francesa, Oscar se declara a André e finalmente os dois têm uma noite romântica. Essa obra foi a primeira a mostrar uma cena mais madura e isso fez com que muitas mães enviassem cartas reclamando. Não vejo maldade, o amor de Oscar e André é puro, nasceu de uma amizade de infância.



Se você ainda não viu a animação de 1979 ou nunca leu o mangá de Ikeda, recomendo que primeiro leia a obra original e depois assista às adaptações. Oscar e André são um dos casais românticos mais memoráveis dos quadrinhos japoneses. Embora A Rosa de Versalhes já tenha mais de 50 anos, os nomes Oscar e André são tão evocativos de romance em anime quanto, digamos, Romeu e Julieta. Aliás, Ikeda se inspirou até demais nessa obra para construir o romance desse casal, quem não se lembra da cena do vinho envenenado?
Uma das cenas mais impactantes porem memoráveis de Rosa de Versalhes.

 



 




 É por isso que você encontrará referências à Rosa de Versalhes em muitos outros animes, desde Pokémon até um episódio especial de Lupin III onde Lupin conhece (e se apaixona por) Lady Oscar, que nesse episódio está separada de seu amor lendário pelo tempo e por uma maldição da rainha Maria Antonieta.
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Rosa de Versalhes é amada pelos italianos:

Rosa de Versalhes também teve grande influência na Itália, inclusive na moda. A animação de Lady Oscar na Itália em 1 de março de 1982, que logo se transformou em um sucesso em todo o país. Oscar, a Menina destemida e de beleza deslumbrante, criada como um soldado pelo pai, e que rapidamente conquistou o coração das crianças e adolescentes dos anos 80, dando origem a um fenômeno destinado a continuar nas décadas seguintes. Porem na Itália o anime chega a ser mais amado que o próprio mangá.

 


 

  Após o sucesso de Rosa de Versalhes, o universo do Shoujo mudou para melhor! Sem mencionar que a obra de Ikeda fez muito mais do que tornar o Shoujo respeitado e amado, ela também inspirou profundamente a sociedade japonesa e até outras mangá-kas a criarem suas heroínas. Pode-se dizer que Oscar teve grande influência em mangás como Sailor Moon, Sakura e muitos outros. Utena, por exemplo, é uma heroína inspirada em Oscar. Ela não é fraca, muito pelo contrário, precisou ser forte ao ficar órfã, após perder seus pais em um horrível acidente. A jovem foi, sim, salva por um príncipe que surgiu em seu cavalo branco quando ela desejava morrer, e por isso ela não sonhava em ser uma princesa protegida e sim um príncipe que um dia salvaria uma princesa. A importância de Rosa de Versalhes é imensa no Japão, tanto que em 1974 ao ser adaptado para o musical na Takarazuka provocou um boom em todo o Japão, despertando novamente o interesse do público no teatro feminino que já estava em decadência ao ponto de fechar as portas. Por falar nisso, esse ano teremos uma nova montagem da Rosa de Versalhes, focada no Conde Fersen em comemoração aos 50 anos da primeira peça.  Tudo isso prova e explica a importância e influência de Rosa de Versalhes e de sua grandiosa autora, Riyoko Ikeda, que com sua mente brilhante e suas mãos mudou a maneira de contar histórias para o público juvenil feminino.

 




Obrigada Ikeda Sensei por Rosa de Versalhes e obrigada a todas as autoras do incrível grupo 24.Finalizando com algumas imagens do anime e a abertura da série:






 




Espero que tenham gostado! Um bom final de semana a todos vocês amigos da Lady Oscar.

 


ady Oscar diz... Obrigada por sua visita! Volte sempre que quiser.

 


 




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Lady Oscar diz..
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