Recentemente fiz um post sobre Lady Oscar, onde mostrei algumas mulheres que assim como nossa heroína foram de fato militares, e também comentei sobre pessoas reais que serviram de inspiração para Ikeda criar à nossa loira favorita, entre essas pessoas citei o ator Björn Andresen o menino, bonito que viveu o personagem Tadzio no filme ítalo-francês de 1971, Morte em Veneza,dirigido por Luchino Visconti. Muito bem, recentemente, o site italiano Rewriters, publicou um artigo sobre Björn Andresen e também comenta sobre Rosa de Versalhes(ベルサイユのばら), como é interessante traduzi e tentei manter dentro do possível mantive a estrutura do texto, utilizei a imagem do original, mas ilustrei com algumas imagens minhas. Segu a tradução, deixo os comentários para depois do texto.
Tadzio de "Morte em Veneza" e Lady Oscar: dois ícones, a mesma beleza ambígua (Artigo Traduzido).
Um fio fino une os dois ícones aparentemente distantes de Tadzio e Lady Oscar, e a cinebiografia revela isso: "O menino mais bonito do mundo".
Björn Andrésen, intérprete de Tadzio, em um quadro do documentário "Em busca de Tadzio Luchino Visconti, 1970" |
Olhando bem para ele, indo além da miríade de rugas no rosto, é possível reconhecer um jovem ator que ficou famoso pelo papel de Tadzio, de catorze anos, no filme Morte em Veneza, de Luchino Visconti, de 1971, baseado na história homônima de Thomas Mann, apresentado em competição no 24º Festival de Cannes, graças ao qual Visconti também foi premiado.
"Pôr os olhos na beleza é pôr os olhos na morte" (cit. L.V.)
A beleza efébica de Tadzio:
Björn Andrésen, que na época da audição era uma incógnita, com Morte em Veneza experimentou fama mundial, graças à sua beleza efébica, a mesma que atraiu Visconti / Mann / Gustav von Aschenbach e para se tornar "o menino mais bonito do mundo", um rótulo transformado ao longo do tempo em uma espécie de marca indelével.
Seja útil ou não (re)ler alguns acontecimentos considerados absolutamente legítimos no passado com o olhar e a sensibilidade modernos, o que é realmente interessante no documentário é a descrição da clássica "parábola do sucesso" de Björn Andrésen, sendo ele um antecedente masculino do movimento MeToo e a acusação que surge contra uma indústria e um sistema que usa e joga fora os ídolos que ele ajudou a criar., não se importando com as consequências.
Também são interessantes as reflexões sobre a percepção do corpo e a obsessão pela beleza (também esta, toda atual). Neste contexto pode ler-se o sucesso estratosférico que o menino conheceu no Japão, para onde foi enviado pela avó habitual ansiosa por capitalizar ao máximo o "neto mais bonito do mundo".
Björn Andrésen tornou-se uma espécie de ídolo adolescente, despertando histeria em massa (semelhante às dos cantores pop/rock) e ajudando a alimentar uma certa iconografia de mangá.
A mesma beleza encontrada em Lady Oscar
Riyoko Ikeda tinha 25 anos em 1972. Forçada a interromper os estudos por falta de apoio da família, para ganhar a vida começou sua carreira como manga-ka, ou autora de quadrinhos.
Nos anos setenta, o mangá Shōjo (mangá feminino), que é aquele destinado a meninas e adolescentes, começou a se espalhar com algum sucesso, e também se desenvolveu consideravelmente graças ao chamado Grupo dos 24, ou um grupo de mangakas femininas nascidas por volta do ano 24 (correspondente ao nosso 1949) do qual Ikeda é considerado parte.
No mesmo período, Ikeda, fascinada por uma biografia de Maria Antonieta do escritor austríaco Stefan Zweig (Maria Antonieta – Uma vida involuntariamente heroica), propôs à sua editora a ideia de um mangá que tivesse como protagonista a vida da rainha e como pano de fundo histórico o século XVIII.
O mangá foi serializado de 21 de maio de 1972 a 23 de dezembro de 1973 sob o título Versailles no Bara, e foi adaptado para o anime que foi ao ar no Japão de 10 de outubro de 1979 a 10 de setembro de 1980.
Na Itália, a série de televisão, cuja primeira exibição foi em 1982, obteve sucesso imediato graças à presença de uma personagem fictícia, Lady Oscar, ou seja, Oscar François de Jarjayes, uma mulher criada como soldado por seu pai (que queria um menino) e que, como protetora da rainha, se juntará ao povo durante a turbulência da Revolução Francesa.
Ikeda, ao serializar a obra, mudou o traço de seu desenho, passando das formas mais arredondadas e infantis para rostos afiados e figuras alongadas de forma não natural.
A própria autora afirmou que se inspirou nos traços somáticos de Björn Andrésen/Tadzio, tornando a ambiguidade de sua personagem mais explícita e profunda, que vai além das roupas masculinas, cobrindo um corpo feminino.
Inevitavelmente, o ídolo, com um olhar triste e romântico, ao longo do tempo foi se transformando em mito, celebrado até hoje por filmes, livros e exposições. E um documentário de Rai 3 conta a jornada de Luchino Visconti pelo nordeste europeu em busca do intérprete de seu Tadzio, uma jornada que termina com o encontro com a bela Björn.
O artigo termina com o vídeo do documentário sobre o filme Morte em Veneza, deixo logo abaixo:
A beleza de Lady Oscar cena do anime Rosa de Versalhes. |
Reza a lenda, que foi exatamente a beleza do garoto que influenciou os Bishōnene. E não foi apenas, Riyoko Ikeda se inspirou na beleza do menino ao criar sua, heroína como disse no artigo sobre Lady Oscar, outras manga-kas famosas também o usaram como modelo, e temos nomes como, Keiko Takemiya (竹宮 惠子) autora de Toward the Terra, uma das pioneiras em Shoujo de ficção, foi uma das Mangá-kas que mais utilizou a imagem do garoto para criar suas personagens.
Só uma coisa que me chamou atenção, o artigo fala que Ikeda foi forçada a largar os estudos por falta de apoio da família, e não foi bem assim, mas explicarei melhor, Ikeda revelou, sim, em diversas entrevistas, que nasceu em Osaka, decidiu ir para Tokyo, ela queria estudar filosófia, seu pai disse que só pagaria seus estudos por um ano e depois disso ela teria que ganhar o próprio sustento. Entretanto, seu pai lhe advertiu que se ela, não conseguísse se sustentar com um bom emprego, ela seria forçada a desistir de seus estudos, voltar para casa e arranjar um marido. Sim, ele era rígido e Ikeda, não sonhava em ser manga-ká ela queria ser escritora, porem naquela época o mercado de mangás estava se expandindo e muitas revistas, principalmente de Shoujo, estavam a procura de quadrinistas e Ikeda sabia sim desenhar, e dessa forma arrumou um jeito de ganhar seu próprio dinheiro, pagar seus estudos e conquistar sua independência financeira afinal não teria mais o apoio dos pais. E Rosa de Versalhes, foi de fato inspirada na biografia de Maria Antonieta do escritor austríaco Stefan Zweig, que Ikeda leu ainda jovem, e graças a essa obra ela decidiu que escreveria uma história sobre Maria Antonieta, mas sempre te em mente que o título seria a Rosa de Versalhes.
Riyoko Ikeda. |
Como sabemos, ela foi para Margareto, lá a maioria dos editores era homens e quando ela apresentou sua série, foi imediatamente recusada, porque existia uma crença machista na época que Mulheres e crianças seriam incapazes de entender fatos históricos. Ou seja, não venderia para o público alvo da revista! Mas Ikeda, guerreira e teimosa como sempre, decidiu seguir em frente publicar seu mangá e garantiu que seria um sucesso e se não fosse cancelaria a série e pediria demissão. Ela tinha certeza que Rosa de Versalhes seria um sucesso e foi. E esse sucesso não foi graças a Antonieta e sim graças a Lady Oscar, a moça bonita vestida como um homem, cuja beleza, foi inspirada em Björn Andresen o menino mais bonito do mundo.
Enfim, essa foi a tradução do artigo e os meus comentários, apenas para explicar melhor. O artigo original, encontra-se acima para aqueles que quiserem dar uma olhada e prometo que em breve escrevo um artigo bem detalhado sobre autor Björn Andresen e sua ligação com A Lady oscar e com sua influência noBishōnene.
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Lady Oscar diz..
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