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sexta-feira, 27 de setembro de 2024

Uma Lady Oscar Milanesa? Conheça Francesca Scanagatta uma mulher militar que muito nos faz lembrar da protagonista de Rosa de Versalhes.

 

Olá,  Queridos amigos da Lady Oscar, Sejam Bem Vindos!

 
Recentemente, comentei sobre os últimos dias da grande exposição comemorativa dos 45 anos da animação de Rosa de Versalhes (ベルサイユのばら) no WOW em Milão e hoje resolvi trazer um artigo sobre um dos painéis expostos na amostra, com curiosidades sobre Franziska Scanagatta (também chamada de Francesca Scanagatta), uma mulher militar, que muito nos faz lembrar Lady Oscar a heroína revolucionária de Riyoko Ikeda. Estava devendo esse artigo já há meses, então, aproveitando o final dessa belíssima amostra em Milão, resolvi abrir esse post. Sem mais delongas, vamos ao texto.




Diferente de Maria Antonieta, Fersem e outras figuras históricas que aparecem em Rosa de Versalhes, a protagonista Oscar François de Jarjayes capitã da guarda real, nunca de fato existiu e muito menos esteve envolvida nos acontecimentos da revolução francesa. Oscar nasceu da mente criativa da artista de mangá Riyoko Ikeda, quando a mesma tinha apenas 24 anos e lutava para conquistar sua própria independência financeira após ter deixado a casa de seus pais. Rosa de Versalhes foi a obra mais famosa da autora, publicada entre 1972 e 1973, na revista de shoujo mangá Margaret. Essa série fez um grande sucesso desde o início de sua serialização e uma grande parte de todo esse sucesso foi justamente graças ao personagem Oscar.


 



Nascida a última das cinco filhas do Capitão da Guarda Real, o general François Augustin Regnier de Jarjayes (um personagem histórico real), ela é criada pelo pai a fim de tomar o seu lugar no comando da Guarda Real, servindo no Tribunal depois que ele se aposenta. Na idade de quatorze anos, logo que a sua formação em competências básicas militares é completa, Oscar é dado à tarefa de proteger Maria Antonieta, quando chega na corte francesa.

 



Oscar era originalmente uma personagem de apoio para Maria Antonieta e foi criada como uma mulher por Ikeda, porque não tinha certeza se poderia retratar fielmente um soldado do sexo masculino. Oscar eclipsou Maria Antonieta em popularidade devido aos comentários dos leitores e tornou-se a personagem principal. EriIzawa sugere que, como Oscar é fictícia, Ikeda poderia ser mais livre para retratar da vida da heroína, algo impossível com Maria Antonieta, que tinha de morrer na guilhotina. Oscar é baseada nas atrizes que interpretam papéis masculinos na Revue Takarazuka e Princesa Sapphire, e ela foi nomeada de Oscar devido a Oscar Wilde, pois Ikeda é fã dele.
 



Embora Oscar nunca tenha de fato existido, Ikeda já confirmou que se inspirou em pessoas reais para criar sua heroína mais famosa.Entre as inspirações confirmadas pela autora em entrevistas e documentários que foram ao ar no Japão temos
a rainha Cristina da Suécia, que chorou alto e com sua voz forte e rouca ao nascer, sendo criada como um príncipe por desejo de seu pai, o rei Gustavo II Adolfo. Já O visual da Bela, mulher vestida de homem, foi inspirado no menino-bonito Björn Andresen que protagonizou o filme Morte em Veneza 1971 e a forte personalidade de Oscar, foi inspirada no campeão de boxe Mohammed Ali, que não mudou sua crença contra a Guerra do Vietnã mesmo após ter sido despojado de suas conquistas como boxeador em fevereiro de 1966.

As inspirações para Lady Oscar,foto editada por mim.




Entretanto, no dia 25 de maio, foi aberta uma belíssima exposição no Wow museu Del Fumetto em Milão, para comemorar os 45 anos da animação Lady Oscar, o nome que a série de Ikeda ganhou para sua divulgação na Europa. Essa amostra está prestes a terminar, porém, lá estão expostos painéis sobre a realidade e a ficção, que contam um pouco sobre as inspirações para criar Lady Oscar, entre elas temos um bem curioso que aponta uma mulher militar,  Francesca Scanagatta, uma  italiana que se disfarçou de homem para frequentar uma escola de oficiais austríaca em 1794. Serviu durante a Revolução Francesa e foi promovido a tenente em 1800. Os visitantes descobrirão sua história e suas semelhanças com a personagem de Ikeda.  
 


Não me lembro de Ikeda ter confirmado que Oscar foi inspirada em Francesca Scanagatta, porém é indiscutível as semelhanças da personagem com essa incrível mulher.

Franziska Scanagatta (1 de agosto de 1776 - 1865) foi uma mulher italiana que se disfarçou de homem para frequentar uma escola de oficiais austríaca em 1794. Ela serviu durante a Revolução Francesa e foi promovida a Leutnant (tenente) em 1800. Em 1801, ela deixou o exército e recebeu uma pensão de Francisco I, imperador da Áustria, quando soube de sua história. Vai dizer que não há semelhanças com nossa Oscar?
 
 

 Uma Lady Oscar Milanesa?



Essa incrível mulher, nascida em Milão conforme mencionado no ano 1776, que estava então sob domínio austríaco, Scanagatta sonhava em se juntar ao exército imperial austríaco. Felizmente, dizia-se que ela era "feia e pequena, com um bigode que se desenvolveu com o barbear repetido". Nascida com um corpo bastante fraco, ela fez exercícios durante toda a infância para desenvolver seus músculos. Ela também lia muito e frequentava uma excelente escola de convento - aparentemente, todo esse exercício de sua mente e corpo a fazia se sentir "como um homem".
 
 

 

Estudos militares.

O irmão de Scanagatta, Giacomo, era muito diferente dela; ele sempre foi bastante afeminado. Ele era quem deveria ir para Viena treinar para se tornar um soldado, mas confidenciou a ela que essa era a última coisa que queria. Francesca aproveitou ao máximo uma grande oportunidade: em 1794, vestida de homem, viajou com Giacomo para Viena e, em 1º de julho, ingressou na Academia Militar Theresiana em seu lugar como "externer Hörer" (estudante externo - novo no exército). Quando ele percebeu o que havia acontecido, o pai de Francesca ficou pasmo e pretendia ir a Wiener Neustadt para trazê-la para casa, mas ela era tão ardente em seu desejo de ser oficial que ele cedeu e permitiu que ela permanecesse na academia, onde obteve excelentes notas e se formou em 16 de janeiro de 1797 como Fähnrich (cadete / alferes).


 


Serviço militar.

Nessa patente, Scanagatta juntou-se ao 6º batalhão composto, Distrito de Warasdin Grenz (Regimento de Infantaria n.º 65 e 66), liderando uma tropa de reforço da Hungria para o batalhão em Kehl, no Reno, assim que a guerra terminou em abril de 1797. Em dezembro, ela marchou com eles para os quartéis de inverno em Troppau, Silésia e depois para Klagenfurt, na Estíria. Sempre tomando muito cuidado para não ser descoberta e tentando estar entre novas pessoas, ela aproveitou a oportunidade para assumir o posto de cadete no Regimento de Infantaria n.º 56 "Wenzel Graf Colloredo" no outono de 1798. Ela também cumpriu seu desejo de ver várias partes do Império, pois visitou pela primeira vez a base do regimento na Morávia antes de se juntar ao Aushilfsbezirk (área de recrutamento suplementar) para o regimento na Galícia, onde chegou em setembro. Ela frequentava regularmente o cassino em Sandomir, onde a sociedade local se reunia, e quase foi descoberta quando desafiada por um jovem local, que lhe disse que algumas mulheres pensavam que Scanagatta era uma mulher. Sua resposta foi que ela estava feliz por ser julgada por sua esposa, o que foi suficiente para persuadi-lo a não acreditar na fofoca.  Em fevereiro de 1799, ela marchou com sua companhia para a Guerra da Segunda Coalizão, mas no caminho sofreu um grave ataque de reumatismo. Após dois meses de problemas de saúde e recuperação, ela foi transferida para o Regimento Deutsch-Banater Grenz No.12 e viajou para sua base em Pancsova, na área, que hoje é o norte da Sérvia.

 


Com o GR12, a valente militar Scanagatta marchou para a Itália, onde continuou a mostrar sua determinação e suportou marchas exaustivas, contando com seu lema: "Una verace risoluta virtù non trova impreca impossibile a lei" (A verdadeira força de espírito não encontra nada impossível). Quando um dos camaradas do exército de Francesca a provocou por ser pequena, ela o desafiou para um duelo e o feriu. Em dezembro de 1799, ela liderou o ataque às trincheiras francesas em Barbagelata. Durante o inverno, ela passou um tempo com sua família e eles tentaram convencê-la a deixar o exército. Promovida a Leutnant em março de 1800, Francesca retornou ao cerco de Gênova em abril, mas seu pai informou as autoridades austríacas da presença de sua filha no exército. Ela foi obrigada a renunciar no mesmo dia em que Gênova caiu, 4 de junho de 1800. Seu comandante, Friedrich Heinrich von Gottesheim, deu uma festa em sua homenagem, onde ela ainda era tratada como uma oficial comum.

Últimos anos de Vida.

De volta a Milão, Scanagatta conheceu o tenente Spini da guarda presidencial italiana (mais tarde real), com quem se casou em 16 de janeiro de 1804. Eles tiveram quatro filhos, dois meninos e duas meninas, e quando os meninos tinham idade suficiente, eles foram autorizados a usar as medalhas de sua mãe, que ela não tinha permissão para usar. Ela morreu aos 89 anos e seu retrato está pendurado na Neustadt Academy



 Enfim, embora Ikeda não tenha confirmado a possível inspiração em Francesca Scanagatta, acredito que ela tenha usado como base diversas mulheres que participaram da revolução francesa, para Oscar criar sua heroína revolucionária. Apenas de apenas duas personagens que frequentemente aparecem nas narrativas: Marie-Anne Charlotte Corday d'Armont, que assassinou o político jacobino Jean-Paul Marat em 1793, e a rainha Maria Antonieta. Mas existiram, sim, outras mulheres. Riyoko Ikeda também chegou a escrever um livro sobre 11 mulheres da Revolução Francesa, intitulado Furansu Kakumei no Onna-tachi 〈shinpan〉― Gekidou no Jidai o Ikita 11-ri no Monogatari― (フランス革命の女たち〈新版〉―激動の時代を生きた11人の物語―). E nessa obra, a autora da Rosa de Versalhes fala sobre 11 dessas mulheres da Revolução. Em 2021, o livro ganhou uma nova publicação dessa vez com oscar e andré na capa, apesar de Oscar não aparecer nessa obra, onde Ikeda apenas cita mulheres reais.



 
 
 Algo confirmado por Ikeda é que Oscar de fato deveria ser um homem, mas Ikeda era jovem e nada entendia do universo masculino, então foi mais fácil para ela retratar Oscar como uma mulher vestida de homem. Na história da Rosa de Versalhes, quando chega a revolução francesa, A personagem Oscar François de Jarjayes, na queda da Bastilha, faz um papel parecido com o de Pierre-Augustin Hulin, que foi um jovem, destemido general francês, que, em 14 de julho, desafiou as armas da Bastilha, permitindo que os insurgentes parisienses a conquistassem e destruíssem a fortaleza. Já Francesca Scanagatta é a própria Lady Oscar Milanesa, aparecendo na grande exposição em Milão. Quem sabe Ikeda não tenha usado também como um modelo para Oscar? Acredito que exista, sim, essa possibilidade, visto que as semelhanças são grandes.
 

 
 
 
Espero que tenham gostado!  Daqui a pouco tem mais.

Um bom final de Semana a todos vocês amigos da Lady Oscar.




ady Oscar diz... Obrigada por sua visita! Volte sempre que quiser.

 


 








 
 

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Lady Oscar diz..
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