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sábado, 17 de setembro de 2022

Entrevista completa de Riyoko Ikeda publicada na revista CREA. (Artigo traduzido).

 Olá, queridos amigos da Lady Oscar, sejam bem vindos!



Aproveitando a abertura da exposição dos 50 anos da Rosa de Versalhes(ベルサイユのばら), hoje trouxe a tradução completa de Riyoko Ikeda, publicada originalmente em japonês, no site da revista CREA. A matéria também foi publicada na edição de outono da revista, e o tema são Mulheres adultas apaixonadas por mangás e vem com uma nova entrevista com a autora Riyoko Ikeda. A entrevistadora é a escritora japonesa Shion Miura, ela é famosa ganhou o Prêmio Naoki, o Prêmio Oda Sakunosuke e o Prêmio dos Livreiros do Japão. Teve suas obras adaptada para cinema e televisão, além de seus livros serem traduzidos para vários idiomas como, chinês, coreano, vietnamita, inglês, alemão e italiano. 
 

 
 Shion Miura, diz a Ikeda em entrevista que é uma grande fã de seu trabalho e que a primeira vez que leu o mangá A Rosa de Versalhes, ela era apenas uma garotinha que cursava o primário. O foco dessa conversa foi o par romântico da Lady Oscar André Grandier, um dos personagens mais amados da série, pelo que parece é um dos favoritos de Miura. Enfim, eu trouxe a tradução, o artigo original, encontra-se no link acima e está devidamente creditado e as fotos são as mesmas do site da revista. Lembrando que ninguém no Brasil, possui os direitos autorais dessa entrevista, por tanto, qualquer pessoa poderá estar fazendo a tradução desde que cite o artigo original.
 

Conversa entre  Riyoko Ikeda e a escritora japonesa, Shion Miura. ( artigo traduzido do site da Revista CREA).

 

 Tendo como tema a Revolução Francesa, A Rosa de Versalhes de Riyoko Ikeda, retrata a vida de pessoas que viveram uma em tempos turbulentos. Por que Rosa de Versalhes continua encantando mesmo após 50 anos? A escritora  Shion Miura conta o segredo.

Miura: A primeira vez que li o mangá foi na casa do meu primo durante as férias de verão, do meu primeiro ou segundo ano do ensino fundamental. Fiquei encantada com as cenas levemente eróticas de romance que faziam meu coração palpitar quando eu era criança e o estilo de terror dos, Gaiden que me dava muito medo. Muito obrigada por criar um trabalho tão maravilhoso. 
 
 Ikeda: "Eu sempre gostei de escrever desde pequena, e eu queria ser uma romancista desde que eu estava no ensino médio. Então, estou muito feliz em poder conversar com a romancista Miura." Miura: Eu sempre amei mangá, houve um tempo que eu mesma tentei desenhá-los. No entanto, fiquei frustrada com a minha capacidade de desenhar e, principalmente, com a divisão de quadros. Eu leio, muito, mas não consigo descobrir como dividir os quadros. Como foi com você, Ikeda-sensei?

 
 
 
 Ikeda: Quando eu era criança, os adultos, pais e professores diziam que manga era prejudicial. Mas minha mãe foi muito compreensiva e me deixava ler, porque não sabia que tipo de talento estava adormecido em sua filha. Aprendi a dividir os painéis imitando os quadrinhos dos meus professores favoritos, como Hideko Mizuno, Masako Watanabe e Miyako Maki. Não tenho experiência como assistente.

Miura: Você é um gênio, afinal. Ikeda: Não, houve um tempo em que eu não conseguia vender nada. Para ganhar a vida, eu tive vários empregos de meio período.


Inspirada pela biografia de Zweig.

Miura: Você sempre gostou de desenhar e era boa nisso?

Ikeda:Não só romances, mas também muitas vezes contribuí com mangás shoujo da época como "Shoujo Book" e "Shojo Club". . Shotaro Ishinomori-sensei elogiou o meu mangá de quatro painéis, e eu também recebi um cartão postal. Foi só depois que fiz minha estreia que realmente o conheci pessoalmente. Miura: Fiquei realmente chocada ao descobrir que Riyoko-sensei desenhou a Rosa de Versalhes aos 24 anos. Ikeda: Quando entrei na universidade, era uma época em que os protestos estudantis estavam em alta, então participei dos movimentos.e também me inspirei nessas ideias, e fugi de casa porque queria ser financeiramente independente. Miura: A sua experiência com o movimento estudantil influenciou seu trabalho de alguma forma? Dizem que se interessou pela revolução, e que foi algo que o levou a desenhar a Rosa de Versalhes. Ikeda: Originalmente, fiquei muito impressionado com a biografia de Stefan Zweig "Maria Antonieta" que li quando estava no ensino médio. Algum dia eu gostaria de contar a vida de Maria Antonieta de alguma forma. Quando eu estava no ensino médio, já havia decidido que o título seria "A Rosa de Versalhes". Miura: É isso mesmo! Ikeda: Em 14 de julho de 1789, quando o ataque à Bastilha desencadeou a Revolução Francesa, os "Guardas Franceses" mudaram de lado para o lado, apoiando o povo, embora estivessem a serviço do poder. Havia um capitão que comandava os guardas, e eu queria torná-lo ativo na história. Eu nunca visitado à França e quase não tinha materiais, então aproveitei e decidi que o capitão seria uma mulher, o que me permitiria desenhar mais livremente. 
 

 Miura: "Eu ansiava por Oscar, que desempenhava um papel ativo em pé de igualdade com os homens e era cheio de charme humano."

Miura: Acredito, que era um cenário novo que estava à frente de sua época. Há alguns personagens que atacam Oscar, dizendo: "Você é uma mulher", mas também há muitas pessoas que reconhecem categoricamente sua "atratividade como ser humano", que não tem nada a ver com o seu gênero. Ikeda: Na época da serialização, vivíamos em uma sociedade absolutamente dominada por homens. Havia assédio sexual onde quer que você fosse e, independentemente, do mangá ser popular ou não, o salário das mulheres artistas mulheres era a metade do que recebiam os artistas de mangá masculinos. Miura: É uma história tão terrível...
 
 Ikeda: Quando perguntei ao editor-chefe se isso era normal, ele me deu um olhar do tipo "É natural que um homem que cuida de sua família receba um salário maior" Mesmo sendo uma época que as coisas fossem assim, era frustrante que mulheres eram retratadas leviandade e as coisas eram divididas em par para mulheres e em para os homens. Desenhar a Oscar montada em um cavalo, usando uma espada e agindo livremente aliviava meu stress. Miura: O mesmo vale para as leitoras. A cena em que Oscar diz: "Estou conversando com uma mulher, mas há alguém que possa me igualar em termos, de habilidade!" A cena foi muito revigorante. Ikeda: Acredito que a maioria das coisas que Oscar diz vieram das minhas próprias convicções. Ela desempenhou um papel ativo como uma ferramenta para me fazer dizer o que eu queria dizer em meu nome.

Miura: Além de sua frieza, o que mais me atraiu foi a profunda bondade de Oscar. Ela é a primeira a perceber o sofrimento das pessoas que diferem dela e decide que deve fazer alguma por elas. Seu modo de vida, cheio de bondade, força e imaginação, é uma estrela para mim, ou melhor, para todos os seres humanos, transcendendo o tempo e as fronteiras. As mulheres nas criações são frequentemente retratadas como "figuras femininas ideais". No entanto, são poucos os trabalhos que apresentam uma “imagem humana ideal” por meio de personagens, no entanto, excelentes mangás shoujo, como a Rosa de Versalhes, buscaram isso desde um estágio muito inicial. Oscar é um modelo de como os seres humanos devem viver, independentemente do gênero do leitor. 
 
 Ikeda: Obrigada. Miura: Enquanto, a outra personagem principal, Maria Antonieta, que nasceu com temperamento de princesa, também é muito atraente. Quando Maria tem que falar com a amante de Luís XV, a Condessa du Barry, a quem ela odeia, Maria diz: “Hoje em dia, há muita gente em Versalhes!". Existe alguma fonte que prova que Maria Antonieta realmente falou assim? Ikeda: Isso mesmo. Os detalhes também são baseados em fatos históricos. Miura: Quando saio com meus amigos para apresentações ao vivo e vejo, a multidão, alguém quase reflexivamente diz essa frase (risos). É um ditado famoso, que está impregnado no dia a dia dos fãs. Ikeda: Quando o ex-presidente Hollande visitou o Japão, fui convidada para a recepção, e um diplomata francês que acompanhava o presidente se aproximou de mim e disse: "Li seu trabalho e estudei a revolução. Se eu não tivesse lido isso, acredito que teria visto Maria Antonieta de maneira diferente." Miura: A Rosa de Versalhes é incrível! No início, Maria Antonieta, que era uma menina superficial e inocente, gradualmente começou a pensar sobre a nação e, no final, ela era como uma perfeita santa. Essas mudanças estão na biografia de Zweig? Ou é criação sua, Ikeda-sensei? Ikeda: "Realmente, ele escreveu em sua biografia como ela conseguiu crescer como pessoa, e isso me emocionou, mas acredito que talvez ela tenha tido forte consciência de que seu nome ficaria para sempre marcado na História quando teve seu destino traçado neste ponto de virada que é uma revolução. Isto não estava escrito no livro (do Stefan Zweig), mas pensei que Maria Antonieta deve ter decidido ter uma morte que não manchasse o seu nome"


Miura: Um dos episódios memoráveis ​​da obra é quando Oscar é resgatada por Rosalie e fica chocada com a sopa rala que era a sua única refeição. Ikeda: Eu senti ter que contar para Oscar o que havia de errado com a família real, então criei uma cena onde eu pudesse ver a vida das pessoas comuns. Dizem, que as extravagâncias de Maria fizeram com que suas finanças se deteriorassem, mas, na verdade, já na época de Luís XIV, ela estava em declínio financeiro devido à construção excessiva do palácio e à guerra. 
 
 Miura: Oscar tem vergonha de dizer que ela próprio era uma aristocrata e não sabia sobre o sofrimento do povo. A razão pela qual, consigo entender instantaneamente a situação e sentir empatia quando entra em contato com um mundo completamente diferente do seu é provavelmente porque teve André, uma pessoa não aristocrática, ao seu lado desde pequena, e essa experiência se tornou uma ponte, eu acho. Você previu desde o início que André teria uma presença forte depois do meio da história? Ikeda: Não, no começo eu não havia imaginado que Andre acabaria com o Oscar. No entanto, tornou-se cada vez mais popular como um parceiro ideal para as mulheres da época. A Rosa de Versalhes foi escrita para meninas, mas quando recebia cartas de mulheres adultas, havia muitas dizendo: "Eu também quero um André". Miura: Cheguei a pensar que o André iria desistir do amor em algum momento, mas ao invés de se retirar, ele teve muita coragem de ficar ao lado do Oscar (risos). Senti-me atraída por sua bondade, não senti confiança nele, e meus sentimentos por André mudaram de várias maneiras, mas quanto mais cresci, mais passei, a pensar que alguém como ele seria o melhor.
 
 "André pode ter sido ser a figura masculina mais desejada pelas mulheres trabalhadoras - diz Riyoko Ikeda". Ikeda: André sabe que Oscar é superior em status social, educação e artes marciais, mas ele está ao seu lado com um desejo obstinado de protegê-la. Também acho não haver nada de errado com as mulheres, mesmo que sejam mais talentosas.

André pode ter sido ser a  figura masculina mais desejada pelas mulheres trabalhadoras - diz  Riyoko Ikeda.


Miura: Luís XVI também é maravilhoso. Ikeda: Quando me perguntam com quem eu gostaria de me casar, eu também respondo ser Luís XVI. Quando ele se casou, ele era um rei muito raro que tinha riqueza e status e era gentil e não tinha uma concubina da corte. Miura: Mas estou curiosa, seu hobby era fazer fechaduras? Ikeda: Isso é pouco mal compreendida. É um lema familiar que um homem da família Bourbon deve ter um “hobby”, ou melhor, adquirir uma profissão. Um Príncipe de Bourbon deve ter algum tipo de trabalho manual como seu dever. Miura: "Ah, é mesmo? Não sabia. Então fazer fechaduras, ou seja, sua habilidade como ferreiro, era devido a uma tradição familiar! Homens que se dedicam ao próprio hobby também deixam suas esposas moderadamente em paz. Esse lado dele também tem seu charme." Ikeda: Ele não é nada bom em socializar e dançar, mas nunca trai. É importante como um parceiro de casamento. Miura:.A Rosa de Versalhes é muito avançada em visão sobre amor e casamento. Exitem algumas partes que os tempos de hoje não ainda não alcançaram. Eu também quero, crescer e me tornar alguém como André, que consegue criar boas relações sem se irritar com a falta de confiabilidade das pessoas. Muito obrigada por hoje. Enfim, essa foi a tradução, espero que tenham gostado! Meu Professor Massa do Kumon, me ajudou em algumas partes,e o novo instrutor Itiro Okano, também corrigiu algumas partes, por tanto a tradução está correta.[Agradeço aos mestres Itiro Okano e Massa Miyazaki.
 
 
 Eu já havia trazido fragmentos dessa entrevista em duas partes, mas estava incompleta, por isso decidi traduzir e trazer para cá. Deixo os créditos para o artigo original e para outras pessoas que também fizeram a tradução.
 
Espero que tenham gostado!
 
 
 
 
 


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